quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (21)

 

PEDRO NÃO LEU OS MEUS FEITOS

Diante de tantos registros de alma, carregados na aura de quem existe, eis que surgiu uma nova fila. Ao receber seu destino, cada elemento saía chorando copiosamente. Parecia exame de fim de ano escolar, onde alguns eram aprovados e outros reprovados. Curiosamente, todos saíam pelo mesmo corredor de luz incandescente. Seria o tal do amor a energia que recebe quem passa por aquela fila? Se emoções e sentimentos não perduravam ao escrutínio, quais informações ou resultados arrancavam lágrimas novamente, dos seres confrontados, após tamanha travessia? Notei que naquele setor minhas perguntas não eram respondidas por palavras nem por telepatia. Ao se aproximar de tal porta, um homem de vestes brancas reluzentes, de nome Pedro no crachá, deu um aceno de chamamento em minha direção. Olhar aqueles olhos foi inesquecível. Ele me viu negando mais do que três vezes nas minhas narrativas, mas me arrependendo verdadeiramente diante da Luz. Foi um banho de amor incondicional, sobre o meu Ser, quando ele revelou que todos os relatórios de Alma continuariam selados e jamais seriam lidos, nem por ele nem pelo Pai. A hidrelétrica do olhar se irrompeu e me arrastou na direção do corredor mais sublime que se possa imaginar. “Somos destinados a viver para sempre”, foi minha eterna conclusão.

 

 


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