quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (06)

 

A VIDA NA FOLHA EM BRANCO

Se cada dia de vida na Terra é uma página em branco a ser escrita, após a vida recebemos uma enciclopédia, sem capa, sem título, sem correção, cheia de notas de rodapé e anotações sobre o que ignoramos ou o que não entendemos. A quarta dimensão é como um hospital, onde os medicamentos são sutis e guardados em livros de consciência. Como não existe a preponderância da linha do tempo, muitos livros deverão ser lidos. Começamos pelo livro sobre nossos ancestrais, depois sobre nossa concepção e depois sobre o dia de nosso nascimento. Tudo o que não percebíamos na fase de formação corporal, a alma registrava para nos mostrar mais tarde. Hoje é o mais tarde. O interessante é que estes livros são vivos, tem cheiros e sentimentos, tem múltiplas vozes e caras conhecidas, tem memórias detalhadas de fração em fração de segundos, para que tudo seja aproveitado no processo de auto julgamento. No lugar de nossas reações, surge a consciência dos verdadeiros motivos que nos levaram a tais comportamentos e pensamentos. É uma enciclopédia que dispensa letras e gramática.


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