sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A PONTE ABSTRATA

 

Quem nunca cruzou a ponte do tempo em busca do que deixou para trás, algo perdido que poderia ser reencontrado agora, algo interrompido que poderia ser resgatado e trazido de volta, algo que foi intenso e curto de realidade, mas tornou-se eterno de saudade. Quem nunca alimentou devaneios sobre como sua vida seria diferente com aquela pessoa, especulando a continuação de momentos inesquecíveis, se houvesse mesmo esta ponte. Se o tempo se esvai, a memória que vale a pena fica em nós. A vida tem esta esperança falsa, esta música de ilusão, esta espera do impossível na esquina das horas, pois adora se basear nas comparações. Ontem foi melhor, mas eu não estava inteiro o suficiente para criar raízes profundas e intermináveis no chão do amor. Ontem foi maior, mas minha pequenez não sustentou aquele momento com força de destino. Procura-se a ponte do tempo.


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

PESSOAS NERVOSAS

 

Existe o estado de relaxamento físico e mental que nos leva à sonolência. Existe o estado de atenção relaxada, que nos permite antecipar nossas reações ao que vai acontecer. Existe o estado de atenção tensa que nos alerta para os perigos e expressa nossa impulsividade. Existe o estado de ansiedade plena que nos coloca o foco em ações estressantes para a retroalimentação mental. Do aprendizado à adaptação, do autoconhecimento à sobrevivência ambiental, do querer ao fazer, está no foco de atenção a origem de nossas escolhas e respostas rápidas às micro expressões emocionais dos outros. Por isso algumas pessoas são mais impulsivas ou intempestivas, mais agressivas ou precipitadas, mais nervosas e incompreendidas. Afinal, não dá para controlar o tempo, mas a sua resposta aos eventos, sim.


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

TRADUÇÃO INTERROMPIDA

 

Estava eu sentado numa lombada do mundo. Não era bem eu, mas o que sobrara de mim. Não sei se foi o tempo ou o esquecimento que levaram partes importantes e podadas do meu corpo, o tempo este jardineiro e o amarelo esta cor do passado. Ninguém notara minha ausência naquela cidade vazia. Foi quando dei conta do quanto o vento sabe mais de mim do que meus familiares e amigos. Foi quando entendi que as cidades eram habitadas mais por vazios do que por esquinas, as ruas feitas de ausentes e as casas construídas para a ruina em si. Foi quando a cidade sussurrou nas minhas vértebras o quanto eu nasci para preencher lacunas do Ser. Parecia estar cumprindo metáforas de um livro qualquer sem leitores. E eu não conseguia me traduzir por inteiro.


terça-feira, 27 de setembro de 2022

MAIS QUE POTENCIAL PLENO

 

Somos seres em potencial, sem tempo de vida suficiente para expressá-las com suficiência. As horas são curtas, as distrações são tantas, as obrigações são muitas e as demandas nos encantam. Acreditamos e nos movemos pelo potencial do desconhecido, em busca de tesouros pessoais e alegria plena, sendo enganados pelo imprevisto daquilo que nos for negado. Esquecidos de potencializar o pensamento, desfalecemos no peso das palavras. Esquecidos de potencializar as pausas, expiramos sem consciência o silêncio interior ignorado. Sem saber o melhor destino a ser dado ao potencial, nos diminuímos formigamente. Amputamos as asas da liberdade, mas choramos o sufoco das crenças limitantes. Nascemos potencial pleno, morremos potencial agonizado.

 


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

POEMA DOS ZUMBIS

 

De mãos atadas, de passos perdidos e de olhos vendados, estão todos aqueles que só olham para seus umbigos. Tudo deixado de dizer, ainda fermenta em gélida ebulição nos confins da mente. Tudo o que deixaram de fazer, ainda morre diariamente quando se deitam. Por não alcançarem seus avessos, por não despertarem pesadelos, fica neles escondido, entre as vísceras, algo para ser enterrado vivo e não se cansa de ser bombeado inúmeras vezes para o coração cansado. O egoísmo é a marca registrada dos zumbis contemporâneos. Eles têm fome de si mesmos e nunca serão saciados. Dormem nos jardins uterinos abandonados. Gravitam insones a trajetória repetitiva de seu plexo. O umbigo, este desconhecido do amor incondicionado, resumiu-se eternamente a um cordão, ligado aos buracos negros indecifrados.

 


domingo, 25 de setembro de 2022

O MENINO DE OLHOS GIGANTES

 

Era um menino inquieto consigo mesmo, sedento de olhar tudo o que mexia ao seu redor. Sabia-se sozinho, pois tinha tanta gente no caminho que até se esqueciam dele. Era movido por uma força insaciável de pertencimento, um sentimento indefinido de busca, gerando assim uma roda de contradições, paradigmas e paradoxos no seu parque de diversão. Movia-se com tudo o mais, simplesmente para existir como tantos outros. Assustava-se com aqueles que preferiam a mentira, com quem matava por prazer e encerrava sonhos alheios, com quem lhe ignorava quando sangrava no chão dos sábados e domingos e com as ruas vazias. Se o mundo era infinito, fora dotado de olhos gigantes para registrar momentaneamente tudo o que não fosse ele mesmo. Até que um dia compreendeu que seus olhos, meninos e enormes, foram pequenos demais para se encontrar.


sábado, 24 de setembro de 2022

DO PÓ E DAS CINZAS

 

De nada adianta ter conhecido milhares de pessoas na vida, se quase todas se foram em busca de algo mais. Se não somos este algo mais, somos descartados em nome da pressa, das atribuições familiares e profissionais ou pela força do esquecimento. Parece que todos estes encontros serviram apenas para nossa percepção de estar no mundo. Sem incluir os que se foram por morte, muitas vezes sem se despedir de nós. Tais encontros serviram, sim, unicamente para a experiência individual de se saber vivo. Felizes os que aprenderam lições de vida, porém, é possível viver sem aprender lições, bem como não dar utilidade nenhuma ao aprendizado. Do pó e das cinzas de cada um, do legado facilmente esquecido de muitos, resta apenas uma natureza humana, insistindo na perpetuação da espécie para cumprimento de tabela.

 


sexta-feira, 23 de setembro de 2022

OFENSA À LIBERDADE

 

O que ofende a liberdade não é a luta de classes nem a censura. O que ofende a liberdade é a ignorância, fruto da incapacidade individual de pensar por si mesmo, subproduto da inércia de ser quem se pode ser ou se tornar. Tem gente lesma que não sai do chão por ser pegajosa, tem gente águia que nasceu para voar, gente borboleta que vive pelo prazer das distrações, gente leonina que nasceu para lutar, gente passarinho fazendo verão sempre que puder, gente morcego apreciadora das dinâmicas notívagas dos becos, gente cobra sempre pronta a injetar seus venenos, gente cordeiro a pastar nos campos preguiçosos da dependência, gente urubu se contentando com tripas e carniças que o mundo dá, gente avestruz fugindo da realidade ao enterrar sua cabeça na areia. O que ofende a liberdade é ter gente que não sabe que pode ser mais.


ABRIR MÃO

 

Abrir mão de muitas coisas na vida é sabedoria porque nos renova, nos reduz o peso do mundo, nos ensina a morrer todos os dias e a continuar vivendo. Deste modo, somos treinados para a imortalidade, recordando, a nível celular, de onde viemos e para que vivemos. Este realinhamento com as forças da natureza nos propicia mais energia vital, nos dando mais propósito e liberdade de fluir. Infelizmente, somente com a idade mais avançada é que olhamos para o desapego com simpatia, olhando para dentro de si, reavaliando os novos ciclos, despojando-se do aspecto mundano das percepções e elevando-as para o plano espiritual e transcendental. No entanto, este “abrir mão” pode ser praticado com lógica, enquanto a sabedoria não chega, ao abrirmos mão das preocupações e ao usar nossa energia para aguardar as soluções que sempre aparecem por meio das sincronicidades.

 


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O INEVITÁVEL

 

Concluir que alguma coisa não tem solução é a mesma coisa que resolver aquela contenda interna, não necessitando se preocupar mais com aquilo. A expressão “entregar para Deus” equivale a aceitação da realidade como ela é. O problema começa a partir do momento em que você se convence de que aquilo tem solução, de que precisa encontra-la, de que possui as ferramentas para soluciona-la. Na vida, tem coisas que existem para simplesmente conduzir processos e não para serem encerradas no entendimento, nem para serem controladas em suas variáveis. A alucinação de muitas pessoas se constrói ao querer controlar o que não pode nem deve ser controlado. Mais fácil deixar de lado para que os fluxos se ajustem, do que gastar energia com o inevitável.


quarta-feira, 21 de setembro de 2022

ENTRE O REMO E O LEME

 

Todos nós já cometemos um grande erro na vida. Entre tantos erros pequenos, tem sempre aquele que, se hoje pudéssemos voltar atrás, faríamos diferente, mas infelizmente naquele tempo foi o pior que poderíamos ter feito. As consequências deste grande erro nos moldaram em certos aspectos, povoando nossas memórias, justificando nossa culpa, impedindo-nos de seguir em frente com total integridade, consumindo energia psíquica de segredos, imaginando como teria sido o desfecho daquela situação se não tivéssemos sido tão imaturos ou precipitados. O pior erro de nossa vida jamais será esquecido por ter sido parte importante de nossas viagens e, quando lembrado, navegamos as águas da memória, carregando entre o remo e o leme a sensação de que somos imperfeitos até hoje. O grande erro de nossa vida nos acompanhará enquanto existirmos.


terça-feira, 20 de setembro de 2022

QUERIDA AMIGA

 

Querida Helô Porto                      

 

Hoje escolhi você para o meu exercício de escrever uma carta de gratidão, a quem teve papel fundamental no meu crescimento pessoal. Não existe um exemplo de sucesso meu que não tenha o dedo de sua contribuição, tamanha a sua referência de vida em toda a minha jornada. Era você quem me apontava caminhos, quem me introduzia novas terapias, quem me socorria nos momentos mais pirados, quem me respeitava nas limitações e imperfeições com muito respeito e prudência de mestre. Ponderação era sua marca registrada e você a usava sem moderação, educando os filhos e os marmanjos ao seu redor com o mesmo amor e carinho, com a mesma liderança inconteste, tornando-nos a todos mais conscientes. Hoje não hesito em dizer que você foi a pessoa de maior estatura humana que conheci no Canadá, onde convivemos. Havia coerência total entre o que você dizia e o que fazia, além de esperar calmamente pela hora certa de cada um assimilar o aprendizado e crescer mais um pouquinho. Junto ao reconhecimento de seu amparo tão humanitário, percorre em minhas veias a seiva da saudade da convivência com sua família. O mato crescendo intencionalmente no quintal como respeito por Gaia, as lições de xamanismo, as aulas de Biodanza e sua paixão por Rolando Toro, os livros maravilhosos de sua biblioteca que deixaram sulcos profundos em minha jornada espiritual, Natália no processo intenso de se encontrar, Beto na dúvida se mudava ou não definitivamente para o Canadá, Marcelo sorrindo demais para compensar as poucas palavras que sempre vinham com sabedoria, o envolvimento místico de Luciano com as artes em geral e a música na frente, a articulação entusiasta e energética de Lalo preenchendo a casa com sua alegria. Na frente de tudo isso, lá estava você, feito Netuno conduzindo uma embarcação gigante em mares bravios, protegendo os filhos seus e os de Ricardo e quantos mais surgissem no caminho. Lembro também de sua fé inquebrantável na cura de Lalo, após o acidente que tanto nos chocou, mas acabou tão bem com sua santa intercessão de mãe. Lembro dos meninos viajando para plantar árvores, fruto e semente de seu amor pela natureza. Lembro de suas pinturas coloridas e espirituais como convite à reflexão. Quanto privilegio ter conhecido este exemplo indomável, esta força de conexão com o Todo, este sol que brilhava todos os dias mesmo se ninguém estivesse olhando. Mas a gente olhava, a gente prendia a respiração até receber a próxima pérola, a gente queria mais. Por isso, ainda hoje, décadas depois, ainda trago no coração uma gratidão imensurável por você e sua família. Reconhecimento e oração é pouco para agradecer por tanto. Peço desculpas por minhas atitudes inconscientes. Obrigado por ter sido luz na minha escuridão. Obrigado por permanecer viva dentro de minhas memórias. Obrigado por você existir e fazer diferença positiva na vida de tantos que testemunhei. Obrigado por ter sido chão e céu em minha vida. Gratidão, gratidão, gratidão!


AGORA É TARDE

 

Sempre que acontecia alguma tragédia, os antigos diziam “agora é tarde, Inês é morta!”. Inês existiu, era dama da Corte de Portugal, amante do filho do Rei Afonso que teve filhos com ela num relacionamento escondido. Quando seu filho viajou, o Rei mandou matá-la. Quando o filho retornou, de tão irado mandou matar os Conselheiros do Rei que lhe deram um péssimo conselho. Sangue de vingança entrou para a história e para a Língua Portuguesa. Por muito tempo o povo continuou matando Inês, referindo-se ao descuido de quem dá moleza ao dormir no ponto, aos momentos de distração e a falta de atenção. Ainda ontem, ouvi tal expressão numa emissora de rádio. Inês se revirou no caixão.


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

MAIS AMENO

 

Em tempos outros, democracia significava busca de consenso no convívio saudável das diferenças que, sozinhas, não conseguem se organizar. Para isso inventaram os governos e as leis. Com o excesso de população no mundo e com o maior acesso à informação, as distâncias foram encurtadas e mais vozes silenciadas passaram a ser escutadas, quintuplicando a discórdia. De barraco em barraco, de conflito em conflito, de guerra em guerra, o tecido social foi sendo rasgado, revelando a podridão e as negligências em suas entranhas, antes ignoradas. No mundo novo, de características horizontais, tudo pode acontecer em cada encontro, em cada esquina, em cada mesa e em cada conversa. Em tempos outros, o clima social era mais ameno.


domingo, 18 de setembro de 2022

PRESSA E PAUSA

 

Nenhuma resposta é autossuficiente. Nenhuma teoria se basta. Nenhum entendimento tem ponto final. Não fosse a pressa das pessoas em mudar de assunto ou de desviar sua atenção para outras coisas, haveria maior possibilidade de vivenciar a vida com profundidade, haveria maior habilidade de transformar as crenças pessoais em ação miraculosa. Pausa na adaptação aos fluxos é útero de gestação da sabedoria, da maturidade espiritual, do feto de luz. Conservar o próprio poder é fundamental para não nos perdermos na caminhada, nem para transferir ao mundo o que não pertence a ele. Que haja sabedoria em nós para imprimir pausa nas nossas pressas e entendimento suficiente para respeitar os fluxos da vida.


sábado, 17 de setembro de 2022

ASPIRINA PARA O MUNDO

 

O mundo anda doente de planeta. O mundo está com dor de cabeça crônica de tanto cultivar a mente e se afastar do coração. A tecnologia tem sua parcela de culpa, mas a preguiça de pensar por si também tem. Há uma troca inconsciente de adaptação pelo comodismo. Excesso de informação gera confusão, rouba o tempo precioso das reflexões necessárias, apoia-se na pressa e acaba comendo cru. Quem nunca desperdiçou horas de um dia, sendo sugado pela tela de um telefone celular, que atire a primeira pedra. Tamanho desvio de atenção compromete as coisas e processos merecedores de atenção, compromete os relacionamentos familiares desde a mais tenra idade, compromete a lucidez e os reflexos inteligentes tão necessários na solução de problemas. Procura-se aspirina eficiente para a dor de estar no mundo.


sexta-feira, 16 de setembro de 2022

FORA DA ZONA DE CONFORTO

 

O coletivo e o indivíduo passam por dinâmicas sociais semelhantes. Quando uma população exerce seu direito de permanecer deitada em berço esplendido, por muitos séculos, somente o choque de diferenças levado ao extremo poderá despertá-la. A cultura do ódio tão citada ultimamente no Brasil vem explicar o descontrole social de suas emoções. A raiva leva as pessoas e coisas adiante, ao sair do imobilismo ou anestesia geral. No plano individual, a expressão de raiva é uma provocação de ideias e comportamentos, buscando clareza de entendimento e consenso. No convívio das diferenças, os ânimos se exaltam para que as pessoas envolvidas escutem o que o outro tem a dizer em busca de validade.


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

O POUCO E O MUITO PENSAR

 

Fechados na incerteza estão as mentes, limitadas pelo muito pensar. No turbilhão da dúvida, chove rios de insegurança, difíceis de serem atravessados, sem recursos suficientes para apreciar as paisagens que a vida oferece. Tal excesso de pensamento nada ajuda, senão confundir caminhos e soluções. Torna-se necessário afastar-se momentaneamente do redemoinho, antes que sejamos levados pela correnteza das horas. Vivendo na incerteza do silêncio, mesmo que a vida dela se valha, também pode vir a ser um convite ao pouco pensar, ao muito observar com sabedoria, ao estar presente sempre que possível para não perder conteúdo. O vazio organiza seu próprio preenchimento. Seria como se vazio e sabedoria andassem de mãos dadas na jornada do crescimento.

 


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

DE OLHOS DISTANTES

 

A África está praticamente toda comprada territorialmente pela China e ninguém viu isso acontecer. A Nicarágua vive hoje a mesma ditadura cubana, num caminho sem volta, e ninguém viu isso acontecer. A Austrália está totalmente dominada pelas forças socialistas e ninguém viu isso acontecer. A Holanda está praticamente toda dominada politicamente pelos muçulmanos e ninguém viu isso acontecer. O Canadá e os EUA estão sob forte influência esquerdista socialista e ninguém viu isso acontecer. O jornalismo de investigação e as denúncias nas altas cortes acabaram de vez. A Nova Ordem Mundial está abandonando o capitalismo e optando pelo socialismo como melhor forma de controle da população excessiva do planeta. A Humanidade está toda sendo reconfigurada.

 

 


terça-feira, 13 de setembro de 2022

A PANELA E A COZINHEIRA

 

As pessoas que sofrem o peso da pressão social e familiar, sobre sua saúde, mal sabem como foram envolvidas numa trama de distorção da realidade. Tomadas por tristeza, desespero, ansiedade, desalento e medo, passam as horas do dia sem se darem conta de que estão cozinhando os eventos em fogo alto, gerando, elas mesmas, mais e mais pressão dentro da mente que se comporta como uma panela de pressão. O mundo se encarrega de colocar o que quer na panela, conteúdos e coisas indesejadas que não se combinam, abusando da conivência destas pessoas que não sabem dizer “não” e se movem a agradar os outros por se sentirem inseguras ou por se sentirem responsáveis pela insegurança dos outros. No momento em que estas pessoas descobrem que elas não são a panela e sim a cozinheira, há uma libertação imediata. Cada dia é uma refeição saborosa, feita por sua única escolha, com o direito de convidar apenas convidados que lhe façam bem. A cozinheira vai manter limpa a casa interior em que habita. A fumaça das panelas será trocada pelas nuvens da serenidade e o aroma das palavras que pronunciar será bem recebido por todos.


POETRIX

 




Jerusalém Jesus além

Não tem muro que me escute

Nas covas de mim


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

ESCOLHA E EVOLUÇÃO PELOS CHAKRAS

 

Tomada a consciência maior da existência dos chakras e a trajetória da força vital dentro de nossa existência, cabe a cada um assumir a própria escolha pela evolução espiritual, se não quiser morrer no chão da ignorância, sustentada pela materialidade limitante. A energia cósmica do Altíssimo desceu sobre todas as criaturas e foi se consolidando como energia vital até se fazer carne e sangue. Tudo é energia. Como energia é consciência e comunicação, só lê quem se propôs a aprender a ler. Há quem morra, vivendo apenas a experiência do primeiro chakra, sofrendo a dor da subsistência como única possibilidade de vida. Há quem viva eternamente, morrendo apenas no corpo físico, ao preparar-se conscientemente para a trajetória completa da energia vital. A escolha é sua. Sempre foi sua.


domingo, 11 de setembro de 2022

SÉTIMO CHAKRA

 

A energia vital não para de se aperfeiçoar. Atira-se no campo da não existência, ao sair do corpo humano, mas sem perder contato com ele, tornando-se pura luz. Aqui ela se torna energia cósmica. Aqui ela incorpora a Presença Divina até então questionada ou buscada pelos chakras anteriores. Aqui ela se diviniza para compreender melhor o rumo da evolução, fechando ciclos maiores de manifestação entre o infinito e a eternidade. Neste reino energético reluzente, a consciência adquirida descobre e possibilita o verdadeiro diálogo silencioso com o Absoluto. Aqui o “EU SOU” confirma o “SOMOS UM”. Tal qual o rio segue para o mar, a energia vital adentra o oceano de si mesma e desagua na plena entrega à Fonte universal.


sábado, 10 de setembro de 2022

SEXTO CHAKRA

 

Alcançado um novo chão espiritual, a energia vital passa a se organizar e a comunicar-se com outras criações do universo no campo das percepções, estabelecendo princípios mais elevados de comportamento e inspiração para a Humanidade. Nascem os conceitos de sabedoria, de consciência, de autorrealização e de iluminação, cada um sendo digerido e ramificado em camadas mais sutis de manifestação. Aqui a palavra mestre é o despertar, o acordar de um sonho material e o adentrar reinos desconhecidos até então. Pelo princípio da comunhão amorosa se alcançam facetas divinas mais evoluídas, tocando sutilmente a essência de toda a criação, onde os voos não precisam nem de tempo nem de espaço para acontecerem.


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

QUINTO CHAKRA

 

Após este processo de purificação da energia vital, diante do amor maior, ela está pronta para a verdadeira comunicação que leva o conhecimento superior aliado com as emoções mais nobres. É o quinto chakra que nos desperta para a percepção de que somos família universal, de que nos movemos funcionalmente dentro do universo, de que somos interconectados ainda que individualizados. Em cada encontro e em cada despedida nós nos abrimos à evolução e à involução, dependendo dos ciclos da natureza que se manifestarem com mais intensidade. É pela comunicação que pulsamos, tal qual o universo e suas forças harmônicas. É pelas trocas energéticas que almejamos voos mais altos na esfera espiritual.

 

 


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

QUARTO CHAKRA

 

Não basta pensar, é preciso sentir para dar um salto de desenvolvimento e melhoramento das percepções mentais. Neste centro de energia nascem os sentimentos mais nobres, aqueles que nos lembrarão de que somos Espírito dentro de um corpo físico momentâneo. Nascem aqui as possibilidades de expansão dentro de multiversos, organizando as hierarquias espirituais a partir do conceito amoroso em busca de regeneração das energias até então em movimento, saltando da percepção de corpo para a percepção de existência com propósitos. Há uma amplitude dos sentidos que antes eram apenas cinco. Há uma ressignificação do estar aqui, da reprodução instintiva à união sexual de entrega, para o entendimento mais solto e panorâmico ou inclusivo de nossas escolhas.

 


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

TERCEIRO CHAKRA

 

Como água que evapora, a energia segue seu processo de refino e sobe até o plexo solar, onde sua nova característica será mais sutil para adentrar o reino dos pensamentos. Ali a energia abraça a lógica e a razão, tramando ideias, teorias, compêndios, tratados, acordos, ciências e novos rumos para a Humanidade. Ao racionalizar tudo o que encontramos pela frente, esta energia se encarrega de nos guiar pelas escolhas e decisões, ensinando-nos as consequências dos atos e a importância da responsabilidade pela manutenção dos sistemas estabelecidos. Há um adensamento da preservação do conhecimento, como motor de desenvolvimento comum a todos. A energia mental deste chakra move o mundo para o futuro sonhado.


terça-feira, 6 de setembro de 2022

SEGUNDO CHAKRA

 

A primeira transformação ou refino desta energia vital se encarrega da procriação e da criação ou criatividade, ou seja, a mesma energia que garante a permanência da espécie humana na Terra é aquela que desenha, constrói, pinta, compõe e desenvolve a força da intuição. Se for usada com foco exclusivo na procriação, será extravasada e liberada grandemente na sexualidade, no desejo, nas trocas, na busca pela atenção dos outros, na beleza e no encantamento sedutor. Se for usada com foco na criatividade, firmará sua existência na produção de cultura, na profissionalização, na abertura de possibilidades e na harmonização visual de tudo o que nos gera paz. De uma forma ou de outra, a energia do segundo chakra é mais fluídica e se acumula na região corporal das águas.


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

PRIMEIRO CHAKRA

 

Nosso corpo é uma usina energética, pois tudo o que nos alimenta é digerido em partículas cada vez menores até virar energia. Da boca às células, é exatamente isso o que acontece, rumo à absorção de seus componentes. Nesta altura do campeonato, esta energia recebe o nome de energia vital, a qual passará por diferentes centros de acumulação e transformação, os quais chamamos de chakras no Oriente e glândulas no Ocidente. Cada centro se encarregará de diferentes funções no organismo. No primeiro chakra temos a energia vital mais bruta, aquela que desenvolve a força do instinto, destinada a dar raiz e suporte físico ao corpo para a mobilidade e a longevidade. Ela é a memória de onde viemos, da natureza, da qual sempre faremos parte. Ela nos avisa que, sendo natureza, estamos subordinados às mesmas leis universais.


domingo, 4 de setembro de 2022

DIÁLOGO INTERIOR

 

A vida interior e seus diálogos internos exercem mais influência na vida saudável de um indivíduo do que suas interações sociais. É no território interior onde mora toda a complexidade, a qual eventualmente transforma-se em fatos, circunstâncias, conquistas e eventos do mundo exterior. Assim como a maioria das raízes de uma árvore não é visível, porém sustenta o tronco e seus galhos com ou sem frutos, assim também nossos diálogos internos se aprofundam no chão da experiência feito raízes, sustentando a estrutura externa que irá lidar com os ventos e tempestades do mundo. Se a vida interior for doentia e insana, assim será sua participação nas interações sociais.


sábado, 3 de setembro de 2022

O QUE VIRÁ DEPOIS

 

São fragmentos de luz

Milhões, zilhões, incontáveis

Dançando o inenarrável

Sob uma onda de amor

 

Girando no firmamento

Minha alma segue cantando

Nem precisava de anjos

Diante de tal esplendor

 

Era eu um querubim

Foi bom ter sido bondoso

Ter falado mel e néctar

Imitando o Serafim

 

Impetuosas estrelas

Já constelavam destinos

E celebravam unidas

Minha chegada ao ninho

É necessário às vezes

Sair de si por instantes

Ao entender que a luz

É pele de viajantes

E que podemos no corpo

Ser fonte de luz e amor

Pois cada dia vivido

É retorno ao Criador

 

 

 


AONDE O LIVRO É

 

Aonde o livro é silêncio, a praia é pegada, o sol é mei-dia, a onda se desfez. Aonde o livro é poesia, a praia falou ao sol sobre o silêncio das ondas. Cada frase, uma pegada de razão e outra de beleza. Caminhando pela paisagem, segue o poeta, ignorado ultimamente de princípios, cabelos grisalhos, passado a ser reconstruído pela criança brincando nas areias do tempo. Aonde o livro é menino, cada página rabisca de futuro os desejos da alma. Aonde o livro é vazio, nenhum desejo sucumbe. O algodão não imagina seus destinos, ainda quando árvore. Quem sabe, será apenas uma palavra nas vértebras de um livro qualquer, origem do mesmo algodoeiro. Aonde o livro é espera, nasce o vento ousado de realidade, sob o pó das estantes e prateleiras. Aonde o livro é leitura, coração e dedos se perpassam no prazer das horas caladas.


quinta-feira, 1 de setembro de 2022

ARAPUCA

 

Deus acabou de passar voando, camuflado nas penas de um passarinho. Eu sabia que Ele voava, mesmo sem contemplação dos mistérios, eu sabia. Semana passada deu-se a mesma percepção. Deus passou calado na brisa fresca, tentando esconder seu calor humano e divino, enquanto eu ria de Sua inocência tão bela. Ele anda, tropeça na linha do tempo, faz que não vai voltar diante da insensatez dos homens, mas não tem jeito, ali vem Ele na carruagem de fogo, vestido de Papai Noel, longe dos Dezembros. O pior crente é aquele que não o vê disfarçado de ateu, mas recebe seus presentes. Parece dono de loja de fantasias. Veste-se e reveste-se de coisas, até não poder mais, até amarrotar a própria luz. Você viu...Ele acabou de se esconder atrás de um pensamento, suspenso na sua cabeça, eu vi, eu conheço um pensamento sem Deus nas lonjuras da espera. Ele não para, não se assossega, não descansa nunca no sétimo dia. Acredite em mim. Faça uma arapuca pra Ele na porta de seu coração. Depois você me conta.