quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (08)

 

O NINHO DE MAIS INCERTEZAS

O desconhecido na Terra tem sabor de perigo e ameaça, mas neste espaço-tempo as incertezas pertenciam aos processos de expansão de consciência. Fomos levados a um salão de baile com coros celestiais. Todos de pé. Cada frequência angelical mudava de forma, quando percebidas pelo coração das pessoas. Digo pessoas, mas não é o termo exato. Seres jamais imaginados por nós se misturavam conosco, gerando um desconhecimento imensurável sobre o que poderia acontecer naquele caldeirão de criaturas distintas. É que nosso conceito de beleza, mais atrapalha do que ajuda nestes reinos superiores. Temos a tendência precipitada de dar função à cada forma e nos enganávamos imediatamente. Por exemplo, anjos não tinham duas asas, tinham dezoito pares. Venusianos carregavam microtúbulos como se fossem cabelos; soube depois que se tratavam de memórias. Saturnianos tinham corpos quadrados para segurar DNA astral. A fala dos Aldebarâneos era intraduzível para o resto da Constelação de Zion, a mais poliglota de todas. Aquela oportunidade de encontrar habitantes de quase todos os multiversos era uma experiência inenarrável, principalmente para quem estava iniciando-se na área das incertezas infinitas.


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