quinta-feira, 20 de outubro de 2022

COMO SE FOSSE UM DESTINO (3)

 

Amar é cumprir o destino de ser semente. O outro, objeto recipiente de nosso amor, é um chão emprestado, podendo ter data de validade, sabendo que estamos em movimento de transformação interna. É este chão emprestado que vai nos pressionar até romper nossa casca para espalhar nossa seiva. Pode até doer, mas vale a pena. Passado este desafio, somos embebidos pela água dos cuidados do outro. Se não tivermos sorte no relacionamento e não formos regados na realização pessoal pelo chão indiferente, podemos contar com a presença de algum jardineiro zeloso que se aproxime e se encante com nossos processos, ou com o milagre das chuvas. Não importa de onde venha a água, o importante é prosseguir a jornada de subir, olhar para o alto por foto centrismo, buscando as reminiscências da luz que permitem romper a superfície. Neste ciclo libertário, geramos folhas vicejantes, registrando atos altruístas pela vida. Quanto mais nos apegamos ao chão, mais raízes construímos, em nome da sobrevivência, enquanto a vida-escola nos ensina o que conseguimos aprender. Silenciosamente acontece o amor próprio, aquela forma de amor pronta para transbordar. Se abandonarmos nossa essência, ocorrerá uma identificação com o “ser a árvore”, quando a vida material nos seduz e perdemos contato com as alturas. Amar é ser semente.

 


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