quinta-feira, 25 de agosto de 2011

VIGÍLIA

Comportamento repetitivo torna-se condicionamento, o qual batizamos de hábito se a sociedade lhe confere um aspecto aceitável e positivo, ou de vício se lhe conferimos uma aura negativa. Tal qual ferrugem, os condicionamentos não nos deixam com facilidade, exigindo uma força volitiva hercúlea para serem transformados em algo mais produtivo ou menos pernicioso.
Enganam-se aqueles que deixam para mudar de comportamento na última hora, apoiando-se em promessas vazias e insustentáveis. Levam-se anos para quebrar as estruturas de um comportamento negativo sem risco de recaídas. Esforço nunca foi nem será proporcional à velocidade de mudança de comportamento, pois é preciso levar sempre em conta se a motivação para mudar veio de dentro ou de fora, se veio acompanhada de uma nova consciência ou se veio por exigência de alguém, por cansaço e desgaste. A expressão bíblica “Orai e Vigiai” trabalha muito bem esta reflexão.
Se uma criança é agredida pelos pais, mal sabem todos eles que estão cultivando com força as sementes da agressão verbal e física, as quais se voltarão um dia contra eles próprios. Se um adolescente pratica violência virtual em videogames, diariamente, mal sabe ele que está inoculando em si a banalização do crime. Se a mídia bombardeia o consumismo nas mentes mais despreparadas e se une à uma política governamental de consumismo exagerado, mal sabem eles que foram capacitados apenas para comprar, sem qualquer equilíbrio e estrutura emocional para lidar com a realidade do que seja caro e barato, acessível e inacessível.
Se um Cristão comete o que eles chamam de “pecado”, com freqüência, não pense ele que vai mudar de comportamento repentinamente se o apocalipse bater à sua porta. Somos todos criaturas de hábito e isso nos exige prática e vontade afrouxada, tornando-se mais fácil  justificar os vícios. Cada um que observe melhor e aprenda a medir as conseqüências de seus atos, se não quiser ser atropelado pelo destino indesejado, pelas doenças, pela maldade e pelo desprezo. Vigiai, portanto, todos os seus pensamentos e ações.

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