PEDRO NÃO LEU OS MEUS FEITOS
Diante de tantos registros de alma, carregados na aura
de quem existe, eis que surgiu uma nova fila. Ao receber seu destino, cada
elemento saía chorando copiosamente. Parecia exame de fim de ano escolar, onde
alguns eram aprovados e outros reprovados. Curiosamente, todos saíam pelo mesmo
corredor de luz incandescente. Seria o tal do amor a energia que recebe quem
passa por aquela fila? Se emoções e sentimentos não perduravam ao escrutínio,
quais informações ou resultados arrancavam lágrimas novamente, dos seres
confrontados, após tamanha travessia? Notei que naquele setor minhas perguntas
não eram respondidas por palavras nem por telepatia. Ao se aproximar de tal
porta, um homem de vestes brancas reluzentes, de nome Pedro no crachá, deu um aceno
de chamamento em minha direção. Olhar aqueles olhos foi inesquecível. Ele me
viu negando mais do que três vezes nas minhas narrativas, mas me arrependendo
verdadeiramente diante da Luz. Foi um banho de amor incondicional, sobre o meu
Ser, quando ele revelou que todos os relatórios de Alma continuariam selados e
jamais seriam lidos, nem por ele nem pelo Pai. A hidrelétrica do olhar se
irrompeu e me arrastou na direção do corredor mais sublime que se possa
imaginar. “Somos destinados a viver para sempre”, foi minha eterna conclusão.
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