quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (02)

 

OS FANTASMAS DE CADA UM

Erros do passado que ainda não foram compreendidos, corrigidos ou compartilhados, povoam algum canto do Ser, dignos de serem esquecidos por toda a vida. Ledo engano. O que se esquece na Terra, não se esquece acolá. A gente não leva nada, era o que pregavam nos púlpitos. Leva sim, leva memórias, leva energia emocional, leva segredos, leva o filme completo, leva o registro do que não foi concluído, leva o som das lágrimas de quem fizemos chorar, leva as consequências vibracionais de nossas maldades, leva a cópia do contrato descumprido para ser confrontado, leva o peso da consciência. Fantasmas sempre existiram e sempre existirão, dentro e fora de nós. Tudo o que nos persegue no silêncio das noites, é fantasma. Tudo o que nos ronda diante das injustiças e da omissão, é fantasma. Tudo o que nasceu percepção, mas morreu enganação, é fantasma. A vida não aceita borracha e guarda tudo no quartinho da alma, principalmente o conteúdo de nossas mentiras.


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