A SÍNDROME DO NADA
Em um dado contexto, desaparecem vestígios de posse.
Nada é meu. Tudo pertence ao Universo e para ele foram processados os
acontecimentos e interações pré-arranjadas. Minha parcela foi redirecionar o
caos em cada manifestação física ou emocional durante a vida terrena, a missão
abraçada jamais foi minha, fomos serventes e serviçais do Todo. Fomos nada. Ser
nada implicava em iludir-se para dar continuidade à experiência. Somente quem
se ilude, segura porções de consciência em formação para perder-se no nada.
Confesso que, em vida, encontrei poucas pessoas apaixonadas pelo seu nada, mas
no meu caso o nada era algo assustador, não me impedia de criar ilusões e
construções mentais de poder. Havia sempre um impulso querendo ter alguma coisa
para chamar de meu. No entanto, esta alguma coisa sempre acabava em nada e me
deixava incompleto, lutando por mais.
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