A VIDA NA FOLHA EM BRANCO
Se cada dia de vida na Terra é uma página em branco a
ser escrita, após a vida recebemos uma enciclopédia, sem capa, sem título, sem
correção, cheia de notas de rodapé e anotações sobre o que ignoramos ou o que
não entendemos. A quarta dimensão é como um hospital, onde os medicamentos são
sutis e guardados em livros de consciência. Como não existe a preponderância da
linha do tempo, muitos livros deverão ser lidos. Começamos pelo livro sobre
nossos ancestrais, depois sobre nossa concepção e depois sobre o dia de nosso
nascimento. Tudo o que não percebíamos na fase de formação corporal, a alma
registrava para nos mostrar mais tarde. Hoje é o mais tarde. O interessante é
que estes livros são vivos, tem cheiros e sentimentos, tem múltiplas vozes e
caras conhecidas, tem memórias detalhadas de fração em fração de segundos, para
que tudo seja aproveitado no processo de auto julgamento. No lugar de nossas
reações, surge a consciência dos verdadeiros motivos que nos levaram a tais
comportamentos e pensamentos. É uma enciclopédia que dispensa letras e gramática.
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