quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (20)

 

QUEM ME DESCONSTRUIU PRIMEIRO

Encantar-se nas esferas superiores é um ato divino. Tudo ganha nova dimensão, novos significados, mesclados pela respiração do amor. Recorda-se a matemática do amor. Na matemática divina, a Terra é lugar de compartilhar, dividir coisas e sonhos, dividir-se em mil. Só então descobrimos que fizemos tudo ao contrário. Naquele tempo, havia um homem de cabelos longos, forte como rochedo, sempre pronto a espalhar o veneno de seu orgulho. Ele não sabia que era para si tudo o que ensinava, era para si toda experiência desprezada, era sua a escuridão do não saber. Naquele tempo havia uma mulher descabelada, mal amada e vitimista ao extremo, sempre pronta para o exercício do negativismo. Ela não sabia quem era seu Pai, seus direitos cósmicos e seus tesouros, seu lugar especial ao ficar sem nada e voltar para casa celestial. Naqueles tempos havia uma ampulheta de areia, para os solitários do deserto perceberem que, esta mesma ampulheta, deve ser invertida quando a areia cessa de correr. Encantar-se nas esferas superiores é um colo divino.


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