quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (07)

 

A PISCINA SIDERAL VAZIA

As razões que nos impediam de ser autênticos, agora se tornavam leves e auxiliares, diante das novas percepções disponíveis e inevitáveis. A autenticidade era uma piscina de águas mornas, onde se tornava impossível o exercício do mal. O nadador, a água e a piscina eram um só. Somente ao nadar nela é que percebemos quantos débitos existem em nossa conta pessoal, os quais acreditávamos pertencer aos outros. Se evitássemos olhar para a verdade, as águas esquentariam imediatamente, deixando-nos sem escolha, senão encará-la para baixar a temperatura. Vi almas fervidas, outras cozidas e deformadas, tamanha a resistência. Ao lado, uma piscina vazia, revelando o extremo que certas almas conseguem chegar, ao se distanciarem da Fonte que as criou. A nudez não causava vergonha, ao contrário, era validada como lance de autenticidade. Quando as águas resfriavam à contento das regras, um sinal era comunicado para sair da piscina e retornar à biblioteca.


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