sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A LINHA DO TEMPO (5)

 

O tempo não é cruel; crueldade é o que fazemos com ele na sucessão dos acontecimentos. O tempo só sabe passar. Aqueles que exercitam a aceitação, resistem menos, sofrem menos, movem-se mais rápido para criar novas realidades. A aceitação nos desarma dos gatilhos do passado e nos liberta para a realidade mais presente possível. O presente dissolve a linha do tempo, abrindo espaço para o Ser, dando voz à nossa autenticidade mais recôndita. O presente é a cereja do bolo da vida, belo e disponível a poucos, saboroso em suas peculiaridades, validado por todos que o alcançam. Parece fácil, mas viver o momento presente não é opção para os fracos.


A LINHA DO TEMPO (4)

 

Entre o passado e o futuro, jazz a Humanidade; ora indiferente, ora entusiasmada, ora consciente, ora entornada. Inconscientes do que somos e das razões pelas quais iniciamos algo, pairamos sobre o ninho provisório das ignorâncias, certos de que estamos fazendo a coisa certa, certos de que somos justos e incansáveis nas interações com a realidade que se apresenta diante de nós, envoltos na aura do autoengano de que somos donos da verdade. Tombo após tombo, experiência após experiência, ausência após ausência, a linha do tempo permanece rígida e exigente para com nossas percepções. Há quem queira enxergar, mas há também quem apenas vê e nada aprende ou apreende. A linha do tempo virou corda bamba para muitos, sobre a qual tentam equilibrar pensamentos e emoções, enquanto a iluminação não vem. Com rede ou sem rede abaixo do trapezista, a queda é inevitável. Ainda bem que inventaram a resiliência, a coragem, a perseverança e a iniciativa. Estes são alguns recursos disponíveis no âmago intelectual, podendo ser usados com fartura, enquanto não compreendem a importância fundamental da aceitação em sua travessia.


A LINHA DO TEMPO (3)

 

O passado nutre a fé enrugada, doída e cobrada, escrita em caminhos tortos e sinuosos, coisas de labirinto. Metade homem-metade cavalo, o passado revisita lugares vazios de vida, crente de encontrar algo novo onde nada foi semeado, dependendo da bondade dos céus para se alimentar ou prosseguir vivendo. O passado veste a capa dos medos para se proteger, para substituir a perda de propósitos, para reduzir o impacto de sua derradeira despedida. O futuro tem fé dispersa, nada consistente, nada impressionante, mas apoia-se na construção de hipóteses e probabilidades no território do excesso de confiança, ao achar que já existe. Ambos nutrem a fé naquilo que não chegou e pagam o preço da demora.


A LINHA DO TEMPO (2)

 

O passado perdeu o trem do amor adolescente e se contentou com o que veio depois, dizendo ter dado a volta por cima, escondendo inutilmente a amargura de não ter superado. A força do primeiro amor apagou partes de si, mas revelou o espírito implacável daqueles que não desistem de buscar. Sendo busca, eternamente busca, deixa-se algo a desejar. Já o futuro, escreveu o amor na pele do desejo, na indefinição do desconhecido, na precipitação de palavras inventadas como sentimento. É o futuro quem mais nos afasta de nós mesmos, criando subterfúgios e estratégias comprometedoras na arena do amor. Se nos compram o futuro oferecido das incertezas ou o passado escondido à sete chaves, o amor que brota deste jardim cresce com folhas de ilusão.


A LINHA DO TEMPO (1)

 

O passado é um velhinho cansado, caminhando com o peso das horas, vestido de dores do não viver. O futuro é um jovem afoito, desesperado para ser alguém, flutuando na leveza dos sonhos e das horas idealizadas. Ambos carregam o “não vivi a minha verdade”, nem “o que me cabe por destino”. Passado e futuro pertencem à mente inquieta e descontente, rabiscando projetos alheios como falsa inspiração para ser feliz. Ambos trilham a incompletude, ambos se anulam sem saber. O passado tem mãos de invasor. O futuro tem pernas de impostor. Entre mãos calejadas e pernas sem músculos, pousa o homem descuidado de sua existência.


NO TEMPO DAS CARTAS

 

Antigamente as pessoas enviavam cartas aos próximos mais distantes, sem saber que eram escritores. Abriam seu coração aos sentimentos, encorajavam-se a escrever o que não tinham forças para ser dito pessoalmente, explorando a intimidade pelas bordas, pela insinuação, pela conquista e pela articulação fantasiosa. Perfumes eram vaporizados nas cartas de amor, ainda que compartilhados com o carteiro desconhecido. Mães derramavam amores sobre as linhas do papel, na esperança de trazerem o filho de volta. Amigos atualizavam suas aventuras, disputando vantagens da idade. Notícias familiares chegavam com bastante atraso; a filha que vai nascer já está sujando fraldas, a viagem programada já foi esquecida por força das circunstâncias, a consulta médica do próximo mês já virou medicamento.


ESCRITA E CRIATIVIDADE

 

O ato de escrever estimula a criatividade. Criar e procriar são atos vitais na existência humana. A cozinheira é criativa ao mudar o cardápio diariamente. O mecânico é criativo ao identificar a causa do problema, no meio de milhares de peças e ao propor gambiarras. O artista é criativo ao combinar luz e sombra, cores e formas. O escritor é criativo ao criar novos mundos, novas interações, novos ângulos de percepção, ao dosar beleza e bem estar nas palavras, ao distrair e divertir o leitor, ao insinuar um final e entregar algo surpreendente, ao humanizar e sensibilizar aqueles que foram afetados pela frieza do mundo. Por isso um livro é revolucionário e transformador dos aspectos mentais.

 


ESCRITA TERAPÊUTICA

 

O ato de escrever tem efeito terapêutico. Ao escrever, somos mais verdadeiros para com nossa visão de mundo. Escrevemos por acreditar que nossa voz deva ser ouvida, por acreditar que temos mais experiência e entendimento do que os outros, na ilusão de que estamos escrevendo para o mundo. Nada disso é verdade. Escrevemos para nós mesmos, para nos dar mais uma oportunidade de sair de nossas limitações, já que somos seres reais, magoados ou incompletos, esquecidos ou cansados da realidade que não podemos mudar. Escrever recolhe material do subconsciente e da mente inconsciente, na tentativa de se tornarem conscientes, por isso o efeito terapêutico e revelador de autoconhecimento, onde criamos a própria saída, onde deixamos de ser parte do problema e passamos a ser parte da solução, ao entender que os problemas do mundo não são do mundo, são nossos.

 


ESCRITA E RENOVAÇÃO

 

O ato de escrever expande a consciência do escritor.  Ao escrever, o autor precisa pensar com lógica e pé no chão da realidade, tornando forte suas fraquezas, revelando-se ao avesso para não ser descoberto, denunciando injustiças para justificar seu vitimismo ou falta de iniciativa, talvez fazendo de sua palavra a arma de combate social. Não basta doutrinar o leitor, isso também não é justo; não basta distorcer fatos históricos para vender uma ideologia, isso também não expande consciência nenhuma, tornando-se um grito no mato para ninguém escutar. A escrita precisa ser original, necessita acrescentar novos pontos de vista, convidando o leitor ao pensamento crítico, pois ninguém quer mais do mesmo. Escrita é atualização e ressignificação, afinal o tempo muda a sociedade constantemente.

 

 


QUEM LÊ QUEM

 

A leitura é inspiradora da alma, dos sentimentos, abrindo os cofres do coração e do desejo do leitor. Somos todos ricos de memórias e conteúdo, esperando a oportunidade para serem expressos como identidade. Cada livro funciona como espelho da humanidade, revelando a teia de suas complexidades. O leitor procura a si mesmo, dentro de cada livro e personagem, na certeza de que encontrará respostas para suas dores ou dúvidas, na esperança de fazer descobertas, na expectativa de ser atendido na alegria de não se sentir só. O autor escreve no papel, o leitor escreve na tela mental. O autor lê o leitor e por ele é lido, uma vez que personagens se repetem no imaginário popular. Aquilo que não foi encontrado nos livros, torna-se projeto de escrita para o leitor. Uma vez de posse da escrita, os papeis se invertem e novos horizontes são construídos para o deleite dos intelectos.


O "BÃO" DE LER

 

Quando eu leio, negocio meu tempo e intelecto com o autor. Sou eu quem decide o melhor horário e duração de nossos encontros, mas é ele quem produz o conteúdo para avaliação. Sou eu quem dá a última palavra, mas antes dela, é ele quem me dá milhares de ideias. Sou eu quem pesa e visualiza as imagens recebidas, mas é ele quem as concebe com graça e desenvoltura. Sou eu quem filtra o que posso ou devo acreditar, mas é ele quem tenta me convencer de que tudo aquilo é verdadeiro. Sou eu quem se identifica ou não com as situações apresentadas, mas é ele quem as organiza para fazer sentido aos leitores. Sou eu quem sorri ou chora, prende a respiração ou a acelera, mas é o autor quem comanda os ritmos. Sou eu quem tenta antecipar os eventos, as reações, os destinos, mas é ele quem sabe aonde o livro se encerra. Se nossos caminhos se cruzarem, o livro é chamado de “bão”.

 


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (01)

 

OLHA QUEM VOLTOU!

 

Eu mal sabia que estava retornando, achando mesmo é que seria minha primeira vez naquele espaço-tempo. Ao sair repentinamente de onde estava, sem aviso prévio, sem me despedir de quem amava, sem entender todos os passos daquela transição corpórea, tive que respirar sem nariz e me mover apenas pela intenção. Confesso que não havia placas de orientação à disposição. Foi quando um raio de sete dias caiu sobre minha mente e comecei a sentir em casa. O que eu pensava, tornava-se realidade visual num passe de mágica. Era impossível negar ou controlar qualquer resultado. O filme de minha vida escorregou em fluxo diante de todos e eu não sabia onde esconder minhas vergonhas. Minha estória era a própria condenação, eu autor de minhas escolhas, sem qualquer justificativa, sem narrativas de desculpas, mea culpa mea culpa. Todos riam da quebra de meus contratos de alma, até que eu começasse a relaxar o modo racional de ver o mundo, ao perceber que todos eles tiveram a mesma quebra. Como é chato não ter escolhas. Como a verdade dos fatos, documentados e testemunhados por outrem, podem nos reduzir ao pó do que viemos e ao pó do que retornamos.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (02)

 

OS FANTASMAS DE CADA UM

Erros do passado que ainda não foram compreendidos, corrigidos ou compartilhados, povoam algum canto do Ser, dignos de serem esquecidos por toda a vida. Ledo engano. O que se esquece na Terra, não se esquece acolá. A gente não leva nada, era o que pregavam nos púlpitos. Leva sim, leva memórias, leva energia emocional, leva segredos, leva o filme completo, leva o registro do que não foi concluído, leva o som das lágrimas de quem fizemos chorar, leva as consequências vibracionais de nossas maldades, leva a cópia do contrato descumprido para ser confrontado, leva o peso da consciência. Fantasmas sempre existiram e sempre existirão, dentro e fora de nós. Tudo o que nos persegue no silêncio das noites, é fantasma. Tudo o que nos ronda diante das injustiças e da omissão, é fantasma. Tudo o que nasceu percepção, mas morreu enganação, é fantasma. A vida não aceita borracha e guarda tudo no quartinho da alma, principalmente o conteúdo de nossas mentiras.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (03)

 

A CASA DAS MIL MENTIRAS

Achava que a culpa era do ambiente, do país onde eu havia nascido ou do núcleo familiar onde eu fora gerado, afinal é tão fácil responsabilizar os outros pela nossa infelicidade. Meu alter ego revelou tudo. Era tudo mentira, jogo de palavras e de comportamentos, auto enganação, trocas afetivas imaginadas, promessas e cobranças, primeiras intenções, realidades convidadas, tentações, tudo mentira deslavada e empacotada em papel de presente. Meus dramas, mentira. Minhas emoções, mentira. Meus desejos, mentira. Bem que me avisaram, tudo é vaidade, tudo é ilusão. De repente, bateu uma baita contradição. Se tudo foi mentira, não deve haver motivos para condenação eterna, muito menos céu e inferno. Se tudo foi mentira, só houve apego e cinema. O corpo é uma casa sem dono, alugada por um espírito, mas habitada por uma mente fugaz. Peguei carona nele. Acabou a viagem, fui deixado na cidade vazia. O que restava de autopercepção, resumia-se novamente num rol de mentiras, num cordel de representações. Só não sabia como viver agora sem mentir.

 


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (04)

 

O VOO QUE NUNCA CHEGOU

Foi sensação de voo, mas interminável, passageiro do oculto mais óbvio do universo. Voar pela infância, sentindo-se amparado por anjos e pela mãe de aluguel. Voar pela adolescência, sendo amparado pelo desejo de outros corpos como autorreferência. Voar pela juventude, amparado pela velocidade das conquistas sem propósito elevado. Voar pela idade adulta, desamparado, buscando significância e perdão. Voar pelo passado recordável, mas perdendo as paradas no que preferi esquecer. Voar pelo espaço branco do futuro, sem mapa e sem brevê. Voar pelas realidades criadas, pela imaginação desejada, pelos sonhos reciclados e pelos personagens caricatos de interação. Voar sem chão para pousar, sem asas para turbinar, sem combustíveis para mudar direção no caminho sem volta. Voo solitário. Voo sobre incógnitas sem radar. Curvas desperdiçadas de medo, aterrissagens fracassadas, turbulência assustadora. Sinto que não houve partida nem chegada, uma vez que não havia passageiros para desembarcar na minha história. Pode continuar voando, disse alguém, indefinidamente, até cair em si.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (05)

 

NA ENCRUZILHADA DAS ESTRELAS

Aquilo que nos parece distante, pode até não mais existir no momento percebido. Aquilo que explode, torna-se algo com características completamente diferentes. Nem tudo o que brilha no espaço sideral é luz de estrela. Em cada conflito interpessoal, explodimos as estrelas do pensamento, sem saber ao certo o que virá, mas aquele relacionamento tem potencial de estrela cadente. Em cada conflito intrapessoal, nos distanciamos do que pensamos ser ao explodirmos raiva. O apego ao que perdemos, nos impede de entender que nunca nos pertenceu por completo. Nas encruzilhadas dos pensamentos diversos, é noite escura quando fugimos da verdade. Faltam olhos e olhares profundos para o vazio interior. Não se pega o sol com a mão, nem a eternidade, por isso hesitamos tanto diante das melhores escolhas, por duvidarmos delas. À cada erro, à cada escolha impensada, à cada distanciamento, adquirimos características alheias e nos desconhecemos cada vez mais. A maior distância que existe está entre nós e nós mesmos.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (06)

 

A VIDA NA FOLHA EM BRANCO

Se cada dia de vida na Terra é uma página em branco a ser escrita, após a vida recebemos uma enciclopédia, sem capa, sem título, sem correção, cheia de notas de rodapé e anotações sobre o que ignoramos ou o que não entendemos. A quarta dimensão é como um hospital, onde os medicamentos são sutis e guardados em livros de consciência. Como não existe a preponderância da linha do tempo, muitos livros deverão ser lidos. Começamos pelo livro sobre nossos ancestrais, depois sobre nossa concepção e depois sobre o dia de nosso nascimento. Tudo o que não percebíamos na fase de formação corporal, a alma registrava para nos mostrar mais tarde. Hoje é o mais tarde. O interessante é que estes livros são vivos, tem cheiros e sentimentos, tem múltiplas vozes e caras conhecidas, tem memórias detalhadas de fração em fração de segundos, para que tudo seja aproveitado no processo de auto julgamento. No lugar de nossas reações, surge a consciência dos verdadeiros motivos que nos levaram a tais comportamentos e pensamentos. É uma enciclopédia que dispensa letras e gramática.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (07)

 

A PISCINA SIDERAL VAZIA

As razões que nos impediam de ser autênticos, agora se tornavam leves e auxiliares, diante das novas percepções disponíveis e inevitáveis. A autenticidade era uma piscina de águas mornas, onde se tornava impossível o exercício do mal. O nadador, a água e a piscina eram um só. Somente ao nadar nela é que percebemos quantos débitos existem em nossa conta pessoal, os quais acreditávamos pertencer aos outros. Se evitássemos olhar para a verdade, as águas esquentariam imediatamente, deixando-nos sem escolha, senão encará-la para baixar a temperatura. Vi almas fervidas, outras cozidas e deformadas, tamanha a resistência. Ao lado, uma piscina vazia, revelando o extremo que certas almas conseguem chegar, ao se distanciarem da Fonte que as criou. A nudez não causava vergonha, ao contrário, era validada como lance de autenticidade. Quando as águas resfriavam à contento das regras, um sinal era comunicado para sair da piscina e retornar à biblioteca.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (08)

 

O NINHO DE MAIS INCERTEZAS

O desconhecido na Terra tem sabor de perigo e ameaça, mas neste espaço-tempo as incertezas pertenciam aos processos de expansão de consciência. Fomos levados a um salão de baile com coros celestiais. Todos de pé. Cada frequência angelical mudava de forma, quando percebidas pelo coração das pessoas. Digo pessoas, mas não é o termo exato. Seres jamais imaginados por nós se misturavam conosco, gerando um desconhecimento imensurável sobre o que poderia acontecer naquele caldeirão de criaturas distintas. É que nosso conceito de beleza, mais atrapalha do que ajuda nestes reinos superiores. Temos a tendência precipitada de dar função à cada forma e nos enganávamos imediatamente. Por exemplo, anjos não tinham duas asas, tinham dezoito pares. Venusianos carregavam microtúbulos como se fossem cabelos; soube depois que se tratavam de memórias. Saturnianos tinham corpos quadrados para segurar DNA astral. A fala dos Aldebarâneos era intraduzível para o resto da Constelação de Zion, a mais poliglota de todas. Aquela oportunidade de encontrar habitantes de quase todos os multiversos era uma experiência inenarrável, principalmente para quem estava iniciando-se na área das incertezas infinitas.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (09)

 

O OVO QUE NÃO FOI BOTADO

Finalmente compreendi porque as religiões colocam tanta ênfase no pecado sexual. O aspecto energético é primordial na existência dos multiversos. Uma inteligência cósmica é encarregada de manter a Lei de Conservação de Energia, já que nada pode ser criado depois de ter sido criado e nada pode ser eliminado ao ser destruído; a energia deve ser mantida na mesma proporção existente na criação dos mundos. Como o corpo humano é o container de energia cósmica, a lei continua valendo. Cada mulher nasce com uma quantidade determinada de ovos cósmicos, chamados de óvulos. Cada homem nasce com uma quantidade determinada de ovos cósmicos, chamados de virilidade. As gônadas tem data de vencimento. A natureza se encarrega de conduzir os processos de reprodução das miniaturas de Deus. Dentre todas as criaturas, o que nos difere das outras é que além de nascermos com uma quantidade de energia, somos a única espécie que gera energia em quantidade abundante. Desta forma, tanto Deus quanto seus invejosos inimigos brigam por nossa energia. Deus, sendo amor e nos fazendo para o amor, dirige seu olhar mais sublime para a nossa regeneração e semelhança como matriz energética. O inimigo, ao contrário, tenta se apossar dos corpos para roubar a energia principal, já que ele não é fonte e tem energia limitada. Houve então necessidade de transferir este conhecimento, da maneira mais assustadora possível, pelas religiões, para defender o campo energético dos humanos.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (10)

 

ONCOTÔ...ONCOVÔ

Parece um lugar, mas não é um lugar, pois não tem chão nem matéria. Parece um país; não é o meu país de origem com certeza, mas posso falar minha língua materna e ser compreendido. Os cinco sentidos foram todos substituídos por um só, um que eu ainda não dei nome. Tudo vibra em som e luz, onde a visão é determinada por frequências até para quem nunca estudou física na vida e tudo é provisório sem sair do eterno. Vultos se movem sem resistências, espalhando cores variadas por onde vagam. Penso que pensamentos tem cores, átomos conversam entre si, plantas compartilham sabedoria, animais se preparam para virar gente, músicas são mantras, paredes podem ser atravessadas como se fossem feitas de nuvem, mas até o conceito ou percepção de parede é diferente, é apenas uma expectativa de parede. Tive uma ligeira desconfiança de que a percepção reina solene naqueles jardins, onde tudo o que existe ou parece existir é para ser sentido e absorvido. Pensamos, concebemos, absorvemos e dissolvemos infinitas possibilidades. O meio de transporte é a intenção. As notícias e orientações nos chegam aos ouvidos espirituais por meio de ondas escalares. O que os outros concebem, a gente percebe de relance, contempla, mas logo desaparecem, talvez por nada nos pertencer nem pertencer a eles, talvez apenas para serem registrados. Não faço a menor ideia de onde estou, mas não é preciso.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (11)

 

SETE MIL LÁGRIMAS SINCERAS

Havia um cone contador à disposição de todos e uma fila interminável. Alguém estava contando suas lágrimas em vida, conhecendo detalhes da soma e origem, as lágrimas espontâneas, as dolorosas, as doloridas, as causadas, as imaginadas, as saudosas, as sinceras, as de crocodilo, as de parto, as de medo, era tudo registrado em vida da maneira mais descriminada possível. Logo ao lado, havia uma máquina de dissolução eterna para desconstruí-las do processo mental. Cada pessoa era atendida num átimo de segundo, pois a fila tem que andar. Bastava tocar na máquina com a intenção desejada e pronto. Aquela senhora contou sete mil lágrimas sinceras, movendo meu coração com neutralidade. Hesitei bastante para escolher meu melhor tema de recontagem, algum assunto que tenha sido recorrente demais sem meu entendimento racional, ou algumas ações que tenham me afastado de minha autenticidade, sei lá. Nada era relevante. A fila andava, quase chegando minha vez. Deixei várias entidades passarem à minha frente, assoviei melodia de pássaros, cocei o chakra coronário, respirei ondas verdes para obter inspiração memorialista e nada. A fila era obrigatória, ou melhor, natural. Tudo fluía com naturalidade, menos eu.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (12)

 

LAMURIEI SEM QUERER

Ao pisar na própria paciência, lamuriei. Imediatamente fui informado de que lamúria é sentimento e sentimentos não são permitidos naquele recinto por serem subprodutos do pensamento. Há que se enfrentar a verdade de cada um, as consequências dos próprios atos e escolhas, há que se adquirir consciência. Fui avisado de estar sendo observado por todos, simultaneamente à minhas observações pessoais, iguais aos pavões com centenas de olhos na cauda aberta. O reino da mentira havia encerrado irrefutavelmente. Deu vontade e impulso de me justificar, dizer que foi sem querer, mas me dei conta de que teria que voltar para a piscina e reforçar meus atributos de convívio com a verdade. Ao questionar, em silêncio, se amor não era sentimento, ouvi a resposta de que amor é respiração e princípio motor da criação. Estranha esta sensação de existir sem a presença do tempo, onde tudo é mais veloz do que a velocidade da luz. Voltei para a piscina.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (13)

 

NO VORTEX DA ILUSÃO

Sair da matéria implica entrar em fluidos sutis, cujo único movimento é elíptico, dentro de cavidades de vácuo. Somos forçados a circular os olhos para não perder nada de vista, mas a sensação maior é a de estarmos sendo sugados pelo ralo cósmico. É assim que se dissolvem as emoções no astral. A consciência que toma conta de nossas percepções torna-se nosso veículo de transporte. Por segundos somos tornados, furacões, ciclones, redemoinhos, cujo único eixo é saber-se existente. O giro é tão veloz que destrói o conceito de tempo terreno, criando o novo conceito de tempo profundo. Para-se de repente, inesperadamente. Volta-se a girar intensamente, dentro de novas complexidades. A alma torce e contorce a essência. O Espírito injeta energia e massa à alma. A essência se consome em larga escala.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (14)

 

ENTRE A CRUZ, A ESPADA E A INTENÇÃO

Toda intersecção de estados alterados de consciência, se desmancham como duas espadas. A dualidade se revela, evitando a cruz. Na Terra, enquanto pensamos, alimentamos a existência inevitável da dualidade, dos contrários, das diferenças gritantes, restando-nos a opção de decidir. É a mente racional quem manda. Aqui é tudo diferente, não tendo decisão nem livre arbítrio, pois tudo é inevitável e inquestionável, ou é ou não é. Mede-se a realidade pela intenção, cuja capacidade sonora atravessa galáxias. A intenção tem poder instantâneo de realização, mas pode ser apagada com a mesma rapidez, de acordo com o nível de consciência adquirido. Maior consciência, bola para a frente. Menor consciência, mais mimimi, volta para a piscina. Fica claro o motivo de evoluirmos tão lentamente nos afazeres terrestres. Há uma régua única para todos.

 


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (15)

 

DOZE CÍRCULOS INDEFINIDOS

A curva é projeção da reta. A energia telúrica tem a formação de uma maçã, movendo-se do alto para baixo, ao continuar este movimento. Ao sairmos destes círculos concêntricos da rotina, percebemos um outro movimento de alma. Imensas camadas de memória se organizam sequencialmente, sem se despregarem do círculo de origem. Nada pode ser negado ou escondido, nem esquecido, mesmo que você tenha morrido de Alzheimer. Caramba, tudo é mesmo registrado, sem nossa permissão. A integridade é mandamento universal. Fazer determinada escolha, na Terra, não lhe dá o direito de jamais se considerar vítima de outrem. O universo é um imenso big brother, com anjos e câmeras espalhados por todos os confins do planeta. Cada um recorda tudo o que fez, para que cada um se julgue sozinho e se lance nas fornalhas da responsabilidade ou na colheita dos frutos saborosos. Assim, Deus continua no cantinho Dele, apenas amando.

 


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (16)

 

A SÍNDROME DO NADA

Em um dado contexto, desaparecem vestígios de posse. Nada é meu. Tudo pertence ao Universo e para ele foram processados os acontecimentos e interações pré-arranjadas. Minha parcela foi redirecionar o caos em cada manifestação física ou emocional durante a vida terrena, a missão abraçada jamais foi minha, fomos serventes e serviçais do Todo. Fomos nada. Ser nada implicava em iludir-se para dar continuidade à experiência. Somente quem se ilude, segura porções de consciência em formação para perder-se no nada. Confesso que, em vida, encontrei poucas pessoas apaixonadas pelo seu nada, mas no meu caso o nada era algo assustador, não me impedia de criar ilusões e construções mentais de poder. Havia sempre um impulso querendo ter alguma coisa para chamar de meu. No entanto, esta alguma coisa sempre acabava em nada e me deixava incompleto, lutando por mais.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (17)

 

 

 

O SUCO DIESEL

Eu vi com meus olhos espirituais. Enquanto eu me distraía com as coisas do mundo, centenas de pessoas conhecidas e desconhecidas semeavam erva daninha nos meus pensamentos. Às vezes eu até fingia que eles não tinham impacto sobre minha pessoa, noutras vezes eu menosprezava o poder das influências negativas e em múltiplas ocasiões eu dormia de descuido. Cada pensamento negativo que faz morada no ninho do subconsciente, gera seus próprios ovos. O cérebro é, portanto, um papel permeável, e tudo passa por ele se não houver filtros. Vi quando alguém jogou óleo diesel dentro do suco de minhas emoções, intencionalmente, para dominar minhas respostas e resultantes. Achava que os sentimentos alheios eram meus, sempre que se apresentavam de maneira opressiva e descontrolada. Infelizes são aqueles que se deixam guiar apenas pelas emoções. Aprendi esta lição ainda em vida. Vi pessoas usando ensinamentos fora do contexto original, porém nunca enganaram minha fé. Minha lealdade foi registrada por diversas mil vezes. Queriam matar Deus, destruir minhas certezas, apresentar-me aos falsos profetas e levar-me aos umbrais. Nada adiantou. São coisas normais no mundo das percepções de separação. Aqui a coisa toda muda. Somos todos, peças da mesma engrenagem. Vi também um jardineiro simpático visitar meu coração, na adolescência, trazendo maná para minhas terras mais férteis. Sabia que havia sementes de sobra para quem quisesse construir um jardim. Principalmente para aqueles que tornaram seus jardins disponíveis para Ele semear coisas boas.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (18)

 

TRADUZINDO O ABISMO

Deus tem o tamanho da percepção de cada um, isso nos foi comunicado por seres elevados. É melhor a gente descrevê-lo imensurável para acabar logo com o assunto. A contagem dos números também é infinita, por isso Deus entende de matemática e podemos afirmar que ela veio Dele. Não se pode contar quantos pensamentos foram gerados por todo ser vivente, muito menos se incluirmos os seres desencarnados, portanto os pensamentos não são humanos, são divinos e infinitamente organizados pela eternidade. O abismo nos parece terminar no vale, mas o abismo fora da percepção não se cansa de descer ininterruptamente. A queda livre é algo prazeroso, puro êxtase quando se confia que ele não tem fim como Deus não tem. Chega um instante em que não sabemos mais se estamos descendo ou subindo, sem direção, sem resistência nenhuma, soltos de nós mesmos. Onde o abismo não tem tradução e os vales nada valem como linhas limítrofes, há que se permitir viver sem fronteiras nos mundos espirituais, em pleno exercício de confiança no Todo Poderoso.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (19)

 

OS NÚMEROS QUE FUGIRAM DA RÉGUA

De repente houve um agito naquelas paragens celestiais. O que eu entendera ser um dos céus, estava de novo completamente vazio. Todas as legiões de anjos e arcanjos tinham sido convocadas para apagar o fogo lá embaixo. Levaram trombetas, cavalos brancos, tropas de gafanhotos mecânicos, galões de sangue para tingir os mares, contêineres de tempestades, espadas de fogo líquido e outros objetos inomináveis diante de nosso espanto. Teríamos que aguardar as coisas serem resolvidas na Terra. E foram. Só ouvimos os estrondos dos combates, impedidos de assistirmos os eventos bíblicos serem confirmados. Foi um Deus nos acuda bem tardio, sem respostas. Quem vigiou, se safou. Quem zombou, apavorou até os intestinos. Quem acreditou, embarcou. A régua ia de zero a cento e quarenta e quatro mil. Os anjos que retornaram primeiro, sabiam de suas tarefas. Havia muito trabalho a ser feito. Boquiabertos sem boca, estupefatos sem olhos físicos, só testemunhávamos a organização dos ambientes de uma grande festa. Tudo era cuidado com pompas e glórias. O ar foi ficando rarefeito de amor incondicional. Minha alma torcia-se de expectativas diante do que se aproximava. Paciência era nossa melhor companhia.

 


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (20)

 

QUEM ME DESCONSTRUIU PRIMEIRO

Encantar-se nas esferas superiores é um ato divino. Tudo ganha nova dimensão, novos significados, mesclados pela respiração do amor. Recorda-se a matemática do amor. Na matemática divina, a Terra é lugar de compartilhar, dividir coisas e sonhos, dividir-se em mil. Só então descobrimos que fizemos tudo ao contrário. Naquele tempo, havia um homem de cabelos longos, forte como rochedo, sempre pronto a espalhar o veneno de seu orgulho. Ele não sabia que era para si tudo o que ensinava, era para si toda experiência desprezada, era sua a escuridão do não saber. Naquele tempo havia uma mulher descabelada, mal amada e vitimista ao extremo, sempre pronta para o exercício do negativismo. Ela não sabia quem era seu Pai, seus direitos cósmicos e seus tesouros, seu lugar especial ao ficar sem nada e voltar para casa celestial. Naqueles tempos havia uma ampulheta de areia, para os solitários do deserto perceberem que, esta mesma ampulheta, deve ser invertida quando a areia cessa de correr. Encantar-se nas esferas superiores é um colo divino.


AUTOBIOGRAFIA DE UM MORTO (21)

 

PEDRO NÃO LEU OS MEUS FEITOS

Diante de tantos registros de alma, carregados na aura de quem existe, eis que surgiu uma nova fila. Ao receber seu destino, cada elemento saía chorando copiosamente. Parecia exame de fim de ano escolar, onde alguns eram aprovados e outros reprovados. Curiosamente, todos saíam pelo mesmo corredor de luz incandescente. Seria o tal do amor a energia que recebe quem passa por aquela fila? Se emoções e sentimentos não perduravam ao escrutínio, quais informações ou resultados arrancavam lágrimas novamente, dos seres confrontados, após tamanha travessia? Notei que naquele setor minhas perguntas não eram respondidas por palavras nem por telepatia. Ao se aproximar de tal porta, um homem de vestes brancas reluzentes, de nome Pedro no crachá, deu um aceno de chamamento em minha direção. Olhar aqueles olhos foi inesquecível. Ele me viu negando mais do que três vezes nas minhas narrativas, mas me arrependendo verdadeiramente diante da Luz. Foi um banho de amor incondicional, sobre o meu Ser, quando ele revelou que todos os relatórios de Alma continuariam selados e jamais seriam lidos, nem por ele nem pelo Pai. A hidrelétrica do olhar se irrompeu e me arrastou na direção do corredor mais sublime que se possa imaginar. “Somos destinados a viver para sempre”, foi minha eterna conclusão.

 

 


terça-feira, 5 de setembro de 2023

SE HOUVER TEMPO DE ACORDAR

 

Todo mundo está com pressa de chegar, sem saber para onde está indo. Todo mundo está comendo sem sentir o sabor, digitando palavras sem sentimento. Todos estão com pressa da piada sem ter tempo de sorrir. Estão gerando filhos sem ter tempo de educa-los. Estão consumindo bens sem perceber o que compraram. O caos é assim mesmo, retira tudo do lugar para dar lugar a algo novo. Os jovens estão se tornando velhos antes da hora, crianças estão morrendo de infarto, idosos estão matando seu passado e abraçando a tecnologia. Governos estão desgovernados. Líderes desumanos estão conduzindo a população desavisada para o matadouro. Tem alguém por aí com um pouco de consciência e com energia suficiente para gritar a todos que acordem?


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

ATRÁS VEM GENTE

 

O único momento em que as coisas são o que são, para certas pessoas, é a primeira hora após sua morte física. Nada resta a ser feito para reverter o fato. Memória desligada, fala eternamente calada, olhares interrompidos, nada poderá apagar a verdade prestes a ser revelada ou os segredos a serem anunciados com alguma maldade. Não houve tempo para despedida nem para pagar mais uma conta. Não houve tempo para mais um plano, mais um jantar, mais uma oração. A vida continua para os que ficam, e as catástrofes também. Ninguém é insubstituível. Todos serão esquecidos pela correria do mundo. Atrás vem gente... atrás vem gente... atrás vem mais gente.


domingo, 3 de setembro de 2023

A GRANDE SURPRESA

 

A estação atual do mundo nos alerta para mudanças da água para o vinho, de uma hora para outra, graças às reações da natureza. A Bíblia possui mais de 2 mil e 500 profecias, 2 mil já aconteceram. Portas e portais se abrem para a manifestação das profecias restantes nos próximos meses. Desde 2012 avisávamos de como o tempo não seria mais o mesmo. Prepare seu coração para muitos milagres, para a colheita do joio, para a Nova Jerusalém descer diante de nossos olhos, para mudanças econômicas imprevisíveis. Você já deve estar sentindo que alguma coisa paranormal vai acontecer se continuar focado nas coisas do céu, ainda que a mídia minta consideravelmente sobre o que está acontecendo. Você será lançado inesperadamente à uma outra dimensão de percepção espiritual. Em um dia você está aqui, no outro estará em uma situação completamente diferente. A Terra acionou seu giro acelerado. Aguardemos coisas boas, pois todos serão surpreendidos. Finalmente, a sua fé terá função.

 

sábado, 2 de setembro de 2023

AUSÊNCIA DE ATERRAMENTO

 

Seus problemas são o sonho de alguém, vivendo outras realidades. Você não tem problemas, tem frescuras para quem vive na fome ou debaixo da chuva de bombas. Você não sabe o valor do dinheiro, nem do sacrifício de seus ancestrais, quanto mais o valor precioso de uma vida humana. Você se confundiu com objetos, se precificou diante do mundo, se ofereceu ao consumismo como um fiel se oferece ao seu Deus. Você exigiu por imaturidade e distanciamento, deu xiliques sociais, vendeu sua alma ao diabo em nome de fama e pensou que estava impressionando. Você não tem problemas, tem cegueira existencial. Que a bomba da compaixão caia sobre o colo de sua razão. Que o alimento que você joga fora, saia de seu caminho e encontre quem realmente dele necessita. Que os esforços de sua família soprem furacão sobre o seu coração adormecido.


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

FALTA UM PEDAÇO DA LUA

 

A incompletude, dentro de cada pessoa, sinaliza o verde para iniciar alguma busca ou prosseguir algum processo. Sem este sinal, a zona de conforto nos engana com a rotina e com a falsa mensagem de que está tudo bem. Se nascemos para crescer, por dentro e por fora, se aprendemos para nos conhecer melhor, sempre estará faltando um pedaço. Muitos dirão que toda lua tem seu lado oculto, mas poucos confirmarão sobre o pedaço em falta, pois apenas o indivíduo sabe o que falta em sua vida. A incompletude é um chamado para estágios superiores da existência, um voo desprogramado e espontâneo para os territórios celestiais. Sentir-se feliz, ainda que incompleto, é sinal de crescimento.