Raiva é um mosaico de emoções confusas e interconectadas ou sequenciadas. Ela surge diante da percepção de orgulho ferido por causa da frustração de não ter sido atendido em suas expectativas mentais, diante da carência revoltada de infância que ainda não foi trabalhada, diante da percepção de injustiça do mundo para com as próprias limitações, diante da comparação com outras pessoas e situações, diante da resistência em aceitar as diferenças por falta de consciência ou por falta de maturidade emocional, diante da incapacidade de pensar fora da caixa. Assim como o mecânico de automóveis tem a sua caixa azul de ferramentas, nós também carregamos uma caixa de respostas ensaiadas de raiva para cada contratempo na vida. Parece que, nos momentos de checar a realidade, nós falhamos em lembrar de nossa diplomacia, nossa capacidade de comunicação e persuasão, nosso instinto de bater em retirada para não adotar nem nos alimentarmos com a raiva dos outros, nossa inteligência emocional de perceber nossos primeiros sinais de agressividade que nos distanciam da negociação. Quanto mais raiva, menos consciência, menos respeito, mais descontrole, mais separação, mais alma nublada.