quarta-feira, 17 de junho de 2020

CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA



Nunca ouvi falar da existência de uma civilização brasileira. Nós não temos uma visão coletiva, não nos movemos como um só bando de aves com um objetivo comum e respeitando as lideranças. Nós não geramos pensamentos, apenas os desconstruímos com a força cega das opiniões. Nós nunca valorizamos nossos talentos e riquezas nem nossa inteligência individual na hora de materializarmos recursos para nossas necessidades. Nossa cultura não é brasileira, ainda é a portuguesa, entregando de bandeja nossos recursos valiosos, nossa autonomia, nosso futuro. Damos aos filhos nomes americanos, vestimos a moda estrangeira, montamos a casa com produtos da China, na justiça aplicamos o Direito Civil Romano, nas ciências humanas importamos toda a Europa de uma só vez. Somos uma cultura com péssimos hábitos de leitura e, por não lermos tanto, pouco pensamos e nos deixamos ser facilmente pensados e explorados ao trocarmos o discernimento pelo julgamento. Nós não temos uma ideologia política nacional, não temos teorias econômicas voltadas para o mercado brasileiro, não temos o carro brasileiro, não valorizamos pesquisas nem sustentabilidade, pois mal temos o cidadão brasileiro. Tornamo-nos inconsequentes com nosso destino. Um sistema político-econômico mundial que destrói a natureza pelo lucro, envia-nos a mensagem de que devemos também destruirmos uns aos outros para perder nossa integridade e sermos reduzidos a números. Por isso fica tão fácil nos perder em consumismo, em escolhas políticas erradas e na psicologia da falta. Se mais de duzentos milhões de brasileiros desunidos não conseguem resolver seus problemas básicos e estruturais, é sinal de alerta para que mudemos nosso nível de consciência se quisermos construir um novo Brasil. Precisamos prestar mais atenção e dar mais cuidado às dinâmicas de relacionamento entre as pessoas. Precisamos reformular nosso sistema político presidencialista para que atenda aos interesses brasileiros ou então abandonarmos nossa dependência de governos para formar grupos comunitários com iniciativas que transformem nossa realidade para melhor. Termino este artigo lembrando as palavras fatídicas de Tancredo Neves: “Nós não vamos nos dispersar”.



Nenhum comentário: