Quando a arte é do povo
como um todo ela é unanimidade e se torna universal. Todo artista tem de ir
aonde o público estiver. Quando a arte deixa de inquietar e passa apenas a
provocar, a se partidarizar e a se ideologizar, ela perde público e força. Aí o
público abandona o espaço público e as instituições abandonam as políticas
públicas. A arte é vital e necessária a qualquer sociedade pois é a última
tocha de independência no ato de pensar em tempos obscuros, mas tem sucesso apenas
se fizer o público também pensar, não determinando o comportamento ou as
escolhas da plateia. A arte tem alma suficiente para se reinventar em qualquer
lugar e em qualquer cultura, pois que ela é documento de seu tempo sem perder o
olhar no futuro. A arte não vive de aplausos, vive de engajamento, de
identificação, de conexão com a inquietude dos homens, vive para dar voz a quem
precisa e não tem. Ela é inimiga da democracia por natureza, pois distrai os
poderosos com ironia e os miseráveis com folia de realeza. A arte sabe entreter
quando a barriga encolhe de inanição e sabe ensinar quando a cabeça se esvazia
de propósitos e rumo. Ela sabe romantizar a dor e poetizar o rude, sabe
construir o alicerce de castelos de sonhos e desconstruir as muralhas da separação.
Sabe oferecer ficção quando a realidade é crua e nos oferece a tragédia como
retorno aos sentimentos quando os tempos são prósperos. A arte também troca de
roupa no palco da vida, troca de caretas e de personagens, de cores e
ferramentas, de formas de linguagem porque ela sabe que o show não pode parar.
A arte é um Ser vivo e todo ser vivo acompanha a evolução.
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