sábado, 6 de junho de 2020

TURBULÊNCIA



A crise que estamos atravessando atualmente pode ser comparada à turbulência numa viagem de avião. O piloto sabe antecipadamente o que virá a frente e sua intensidade, pois recebeu informação sobre outros voos através da torre de controle. Os passageiros ainda não sabem. Os comissários e aeromoças se comportam como se nada soubessem, obedecendo as regras da empresa aérea para não causar pânico.
Cada passageiro terá uma reação ou comportamento diferente quando a turbulência se manifestar. Uns ficarão imóveis, tensos, expressando pânico e compartilhando medo, na certeza cega de que o avião vai cair e matar a todos. Uns, com alguma experiência anterior de outras viagens, acalmarão os mais aflitos. Uns, engraçadinhos, comprometerão a segurança dos outros ao se levantarem e abrirem o bagageiro, contrariando as instruções dadas pelo piloto. Uns seguirão as próprias instruções, baseadas nas informações que leu na internet, e se sentirão tranquilos. Uns rezarão, pedindo a Deus que os salve do pior ou sustentando a fé no melhor. Uns continuarão atentos, mas sem tensão nenhuma, pois sabem que tudo passa. Uns sentirão a taquicardia no peito fazendo mais barulho do que a turbulência em si, como se a maior turbulência fosse mental, prendendo a respiração e procurando desesperadamente os equipamentos de segurança, os quais havia ignorado nas instruções da equipe de bordo no início da viagem. Uns, mais descuidados, derrubarão seus pertences no colo do passageiro ao lado. Uns, mais alienados, tentarão tirar um self da aventura. Uns negarão a existência de qualquer perigo, achando tudo aquilo muito normal e parte dos riscos de voar. Uns continuarão dormindo e roncando, sem dar conta do ocorrido, sob efeito do cansaço físico ou do álcool ingerido em excesso. A viagem é a mesma. O avião é o mesmo. A turbulência é a mesma. Muitas são as percepções da realidade de estarmos vivos, pois fomos treinados a dar significado e sentido às circunstâncias.
Para refletir: O que faço diante daquilo que não gosto...o que penso diante do que não posso controlar...o que acredito e como minhas crenças ditam o que devo fazer...o que aproveito de cada dificuldade para o meu crescimento...o que compartilho com o mundo como sendo a minha verdade...quais são meus valores quando perco o chão...qual dose de amor e empatia coloco nas minhas decisões de sobreviver...


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