O ódio é apenas o grito de alguém sangrando
internamente, ferido de abandono e indiferença, querendo amar a si mesmo sem
saber como. A voz do ódio é a destruição da reputação do outro, já que a
própria foi destruída há algum tempo atrás pelos distanciamentos do amor. A voz
do ódio agride física e emocionalmente porque vaza e não cabe mais neste corpo
vivo e em decomposição existencial. O ódio é o anúncio público de quem se deu
sem se vender, de quem se vendeu sem se dar, de quem desconhece o valor de si
mesmo como pessoa, como ser humano, por acreditar na desumanização do coração.
O ódio é a bílis da desesperança vazando pelos lábios secos de quem não fala,
vomita. O olhar de quem odeia é turvo, impuro, tóxico, por isso não consegue
ver mais a realidade em transformação, por isso desistiu da mudança interior.
Seu único antídoto é a compaixão distanciada. Sua única salvação é a oração
aproximada. Seu único detox, um grande amor inesperado.
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