Somos seres minúsculos. Somos seres tão
ciscos, tão poeiras, tão átomos e mais somos diminuídos diante da omissão,
diante das ausências e abandonos. Diante de cada esquecimento dos menos
favorecidos, nós nos tornamos menos e menores. Aos poucos nos encolhemos de
tanto egoísmo, de tanta indiferença, sem notar que se volta contra nós aquilo
que pelos outros expressamos. Compactos e compactados dentro de uma caixa
protetora, erguemos muros e catalogamos pessoas, vestimos armaduras e ficamos
invisíveis, tornando-nos menores do que o óvulo que nos gerou. Inseguros por
natureza, nos damos em doses homeopáticas ao mundo que nos cerca, sob a crença
de que já doamos demais. Quanto mais nos dissolvemos diante dos holofotes da
aparência, mais imperceptível se apresenta nossa essência, mais diminuta nossa
integridade. Buscamos tanto a significância justamente por sermos
insignificantes e isso nos dói cada vez que damos de cara com nossas
limitações. Não é atoa que chamamos de heróis até os bandidos e corruptos, pois
diante de nossa pequenez precisamos pegar carona nas vitórias distorcidas dos
outros para a eles pertencer. Somos seres minúsculos de coração microscópico e
olhares reduzidos a nada. Temos vocação para formiga.
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