Parece que tudo se deu mais ou menos assim. O Criador
dividiu todo o seu poder inerente em diversas forças, as quais foram diferenciadas
em diversos princípios, os quais foram subdivididos em diversas leis universais
e naturais, as quais seguiram ciclos e estações. Como tudo estava harmonizado,
faltava o Homem para chegar e estragar tudo em nome da própria vontade, chegar
e morder a maçã do conhecimento e se perder no chão, nomear o inominável,
limitar o ilimitado, matar o milagre e negar o mistério. Começava assim uma
jornada ilusória, uma viagem pelos confins da dúvida, uma brincadeira no parque
das dualidades, um achismo sem pé e sem cabeça que lhe servisse de distração
durante a caminhada na linha do tempo. Quando o Criador percebeu o acontecido
cósmico, chorou, chorou, chorou de tanto amor, mas mesmo assim preparou uma
punição exemplar para a Humanidade. Cedeu-lhes um naco de imortalidade, daquela
que só se alcança na eternidade e só se delicia na mesa do infinito. Uma
eternidade inteira para lembrar de seu legado terreno até não suportar mais.
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