domingo, 17 de maio de 2020

O TRIGO JÁ FOI SEPARADO



O que você fala não é o que você sente. A maldade e a doença só querem a sua fala, a sua atenção, a sua energia vital e elas andam de mãos dadas, numa simbiose irrefutável. Pergunte à indústria farmacêutica. A maldade e a doença são o filme produzido pela sua fraqueza humana, o seu vômito da meia noite, a sua desistência da harmonia, a sua lama bem cuidada feito um jardim de sombras. Elas pertencem apenas ao corpo. O que tem de melhor lá dentro de si será oferecido à vida plena, dure o quanto durar. Um dia, restará apenas um sorriso de alma partindo para campos floridos de luz, deixando para a terra e sete palmos os resquícios da maldade e da doença. A parte que se apaixonou pelas limitações ou pelo canto da sereia entorpecente será contida e devolvida à matéria, em forma de pó. A parte que admirou estrelas, declamou poemas  para a pessoa amada, acolheu e protegeu a inocência das crianças, abraçou a sabedoria dos idosos, navegou nos rios da ternura, sacrificou-se amorosamente para ser provedor, respirou doutrinas sagradas, compartilhou sua luz, andou com sua grandeza e distribuiu a água límpida de seu coração ao próximo, ah, essa parte não morrerá jamais.


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