domingo, 13 de janeiro de 2013

AMOR ÀS OPINIÕES


Desde a infância amamos escolher, exigir, desafiar, ter opinião irredutível nem que seja à força das birras, manifestar preferência por uma roupa ou atividade, desobedecer e enfrentar adultos para aprender limites e para mostrar a eles que somos bons observadores e ótimos imitadores deles. Recebemos por isso o rótulo de monstrinhos desobedientes.

Na adolescência, a fase do achismo, passamos a maior parte do tempo criticando os outros e impondo nossa opinião sobre todas as coisas, inclusive sobre o que não conhecemos, somente pelo amor e pelo direito de ter opinião própria, desta vez com uma agravante, com a certeza ilusória de que estamos certos e todo mundo está errado. Recebemos por isso o rótulo de aborrecentes.

Tanto os jovens quanto os adultos, amam ter opinião formada sobre tudo, brigando na política e no futebol, confrontando pessoas no trânsito e no escritório, comparando mulheres ou carros, buscando auto afirmação nas experiências e escolhas tendenciosas, declarando guerra em busca de paz, conquistando e descartando imediatamente tudo o que cai em desuso. Recebemos por isso o rótulo de líderes.

Os idosos, ao perderem a paciência diante de tantas mudanças e tanto barulho, retomam a onipotência de suas opiniões pela força dos anos vividos, pelo saudosismo, pela autoridade de seus cabelos brancos e se isolam diante das diferenças de ritmo e de interpretação da realidade coletiva. Recebemos por isso o rótulo de teimosos.

O amor ás opiniões são como a nossa pele, nunca nos abandonam, servem de referencial de vida, são como suplementos vitamínicos da razão a engordar nossa visão de mundo. Você já notou que até os mudos discutem entre si? Ninguém escapa deste tipo de amor. Quantos segundos você precisa para discordar de tudo o que acabei de escrever???

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