terça-feira, 24 de julho de 2012

O CORINGA E A VIDA REAL

De repente um garoto americano muito inteligente e solitário, identifica-se com um vilão das revistas de quadrinhos, mais precisamente o Curinga ou Coringa, justamente por não confiar mais nem nos pais nem na sociedade. Pouco a pouco adquire armas reais de fogo e coloca sua inteligência para recriar em seu apartamento todo um cenário psicótico, digno dos filmes de Batman, o herói a quem o Coringa resolveu perseguir por seu concorrente brilhantismo intelectual.  Articula planos bem elaborados, veste-se com coletes e joelheiras protetores de balas e escolhe um cinema para realizar a sua própria saga mental.
James Holmes armou tudo direitinho e aguardou o lançamento do novo filme do Batman, dirigindo-se para um cinema onde metralhou a audiência e matou doze pessoas, nos EUA. Ele queria vingar-se do sucesso do personagem Batman, queria ser parte do filme ao misturar realidade e fantasia, incorporando plenamente o personagem Curinga em sua obsessão de fazer o mal e rir das vítimas. Ele preparou seu apartamento com armadilhas mortais, pois acreditava não voltar vivo do cinema, com a intenção de continuar matando mesmo depois de morto, tornando-se ele um vilão imortal. No fundo, ele só queria estar certo. Ele queria provar ao mundo que ele está certo em não ter mais esperança. Ele queria provar que todos nós somos loucos  e utilizamos a loucura como refúgio das inquietações humanas.
O perfil psicológico do estudante pode agora ser analisado sob a ótica da construção psicológica do personagem Coringa, no filme O RETORNO DO CAVALEIRO DAS TREVAS. Nele o Coringa tem conotações homossexuais, comete crimes em massa, é frio e extremamente violento. O personagem teve problemas psicóticos com a separação dos pais, sofreu violência física do próprio pai que não o considerava filho dele, fugiu de casa, matou os próprios pais num incêndio criminoso, enfim, era um personagem sádico, sarcástico, demente e homicida. Com tanta inspiração, James só precisava de tempo para experimentar na pele as consequências de suas ações como o tal personagem. Tal qual o Coringa que sempre ria das próprias derrotas e não conseguiu enlouquecer Batman, James também ainda não nos enlouqueceu plenamente com sua insanidade particular. Já nos adaptamos às loucuras do mundo moderno.

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