sexta-feira, 25 de maio de 2012

NADA É O QUE PARECE


O pensamento das pessoas pode confundir a leitura da realidade. O pensamento age feito cipó, retorcendo-se, exaurindo-se, secando a fonte de possibilidades ao se tornar ilusório e obsessivo. A distância da realidade torna opaco o caminho, cria isolamento e culpa, busca reforço para sustentar a fantasia e abala conexões gerando desconexões irreparáveis.

Nem tudo é o que parece de perto. Nem toda leitura é isenta de apegos, inconsistências, conflitos, choques de opiniões, tendências falaciosas, registros vencidos do passado, carências, condicionamentos, mecanismos de defesa, busca pela racionalidade em territórios emocionais e vice versa. Nem tudo é como o que foi concebido no silêncio de um quarto impregnado de imaginação. Por isso as pessoas pisam no tomate e escorregam na maionese na hora de checar a informação que vem dos outros.

Quando conferimos a realidade precisamos respirar humildade, precisamos reconhecer que nem tudo são flores, nem tudo cabe em nosso espaço individual. Enxergamos que o sonho vive de lembranças fugidias, que a vida vive de movimentos aleatórios, que o tempo vive de pegadas quentes e recentes. Ao conferir a realidade lembramo-nos dos pés, do chão, do relevo, do equilíbrio e da natureza verdadeira das ações. A realidade prevalece sobre os pensamentos idealizados, mesmo que a gente insista em mentir para nós mesmos. A realidade nos cobra a verdade dos fatos, a revisão das necessidades pessoais, os sentimentos dos outros distorcidos em nossas leituras interessadas. A realidade cozinha o dia em banho Maria, até que a fome de existir nos dê um sinal de que não somos os únicos a desler nossas experiências mais caóticas. Agora só falta respirar e erguer a cabeça novamente.

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