segunda-feira, 13 de setembro de 2021

GATILHOS

 

De um lado está a filha bipolar, sentada, calada, inquieta, usando o celular. Do outro está você, movendo-se agitadamente na cozinha como se previsse algum perigo iminente, sem se dar conta de que seu tensor energético já está servindo de gatilho para reações emocionais inesperadas. Seus pensamentos são negativos, defensivos diante de um diálogo interior que parece antecipar uma tragédia anunciada, reciclando memórias desagradáveis e julgamentos fortes sobre aquela pessoa ao seu lado, as vezes orando para que ela não brigue consigo quando você for convidá-la a arrumar o quarto bagunçado. Você não se contém ao compará-la mentalmente com outros filhos mais organizados, tratando-a normalmente, esquecendo-se do diagnóstico médico dela, afinal, mãe é mãe. Você está cansada de limpar o quarto dela, considerando-a muito folgada para aquela idade, mas sem se sentir no direito de tratá-la como as outras filhas. Uma onda de raiva corre suas veias e artérias ao lembrar do perfeccionismo imperial que reina em seus pensamentos. Armada deste tensor, você se aproxima dela e pergunta se ela não vai arrumar o quarto. Começa a terceira guerra mundial.

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