terça-feira, 19 de agosto de 2014

A ARTE DE NÃO SONHAR


Com a morte prematura de Eduardo Campos, em plena campanha eleitoral para a presidência do Brasil, refleti um pouco sobre o que importa numa existência e aprendi a ser mais realista. Ele estava correndo atrás de seus sonhos, o que aliás incluía arquitetar o futuro de uma nação com potencial mal aproveitado por políticos vorazes e irresponsáveis. Este comportamento  o tornou um bom político.

Recordei que família ainda é nosso maior tesouro. Ele criou uma família unida, com valores humanos, e a fez forte o suficiente para caminharem tranquilos mesmo na sua ausência. Seu último filho, com síndrome de Down, está recebendo muito amor da mãe e dos irmãos, como parte de seu legado e ensinamento.

Recordei que o que temos de bom para ser dito a quem amamos tem que ser dito HOJE. A morte não para nem um segundo em serviço, nem tem paciência para permitir nos despedir dos entes queridos ou para agradecer aqueles que foram importantes em nossa existência.
Recordei que mais importante do que sonhar é respirar. A vida é feita de momentos e não de planos. Viver com propósitos não é preciso. Faz-se necessário navegar cada momento como uma travessia entre várias eternidades. A morte não se interessa nem pelo passado nem pelo futuro. Ela sabe que a única coisa que temos é o momento presente. O difícil é acreditar nisso e descobrir o novo universo que surge com esta possibilidade.


Fiquei pensando como seria uma existência sem os sonhos. Creio que não sonhar seja uma arte voltada para o presente de tal maneira que a vida vira apenas um fluxo de acontecimentos destilados, filtrados pela essência das coisas, selecionados pela prioridade do coração. A arte de não sonhar é a arte de mergulhar fundo nos desígnios de Deus. Ousemos.


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