sexta-feira, 6 de abril de 2012

MOBILIDADE SOCIAL


Se um estrangeiro recebe ou conquista a chance de residir em outro país, ele compreende que a ele está sendo dada uma série de oportunidades de progresso, com deveres e direitos a serem observados, bastando para isso sua adaptação ao novo meio, de maneira que ele nem passaria percebido como alguém indesejado. Chama-se a isso, acesso à educação de valores com civilidade social. Se este mesmo estrangeiro chegar num país, onde ele poderá conviver com um grupo maior de conterrâneos, o processo de adaptação será dificultado pelas resistências internas e pela influência dos que já estavam ali antes dele chegar, recusando-se parcialmente a aprender novos hábitos e demonstrando certa incompreensão quanto à cultura a ser adquirida, para poder fazer parte integral deste novo grupo social. Se este mesmo indivíduo chegar num país, onde ele poderá conviver com um grupo de quinhentos conterrâneos, naturalmente ele dará adeus à adaptação completa, levando para este país o seus vícios de comportamento, chocando a população estrangeira, inserindo nela hábitos indesejáveis, achando-se no direito de alterar violentamente a paisagem social, sem atender ao respeito dos deveres estruturados anteriormente a sua chegada e criando novos desafios de relacionamento. Neste caso, o que moveu o cidadão a encontrar uma nova oportunidade partiu dele mesmo, de sua força de vontade e capacidade pessoal, de sua motivação interior para realizar os seus sonhos. Mesmo assim o processo apresenta-se lento como aspecto inerente de uma adaptação estável e agregadora.

Fala-se muito em mobilidade social no Brasil de 2012. Tudo foi e está sendo feito com motivações completamente diferentes do exemplo citado, partindo direto do nada para o terceiro caso citado acima. A população que se encontrava abaixo da linha de pobreza foi transformada em consumidora num passe de mágica, trazendo consigo todos os seus vícios de comportamento. É natural que sua realidade social, baseada na injustiça e má distribuição de rendas, a acompanhará como valores pessoais, levando-a a agir acima das leis, de forma gregária como elemento obrigatório de sobrevivência, não por maldade, mas sim por desconhecer a realidade dos grupos sociais de classes superiores. Movidos por um revanchismo histórico, estão sendo manipulados e conduzidos à uma luta de classes sociais, quebrando diariamente este tecido resultante de leis e costumes respeitados em nome do bem comum. Chocam-se com aqueles que possuem alguma cultura, armam seus barracos se não forem atendidos como eles pensam que devem, tomam o que não lhes pertence quando se dão conta de que levarão muitos anos para adquirir bens duráveis pelo trabalho cotidiano, espalham a violência urbana quando percebem que o aparato policial é insuficiente e a violência rural quando encontram respaldo em um governo populista demais com revés comunista, além de imporem à sociedade como um todo suas emoções pessoais não trabalhadas pela conscientização.

 O Brasil de 2012 precisa acordar logo para esta realidade que criou. Só assim os esforços dos governantes poderão mudar de rumo e favorecer a educação em forma de mutirão, para esta parcela da sociedade que se encontra perdida como se a nova vida fosse um filme americano de bandidos e mocinhos. Mobilidade social sim, mas com educação em massa, com orientação educativa, com preparação da população antes de implementar qualquer mudança de alcance maior. Não adianta sermos a sexta economia do mundo, com números facilmente manipuláveis pelo governo de plantão, se a realidade das ruas mostra uma luta constante de valores entre os que se beneficiam pela corrupção de alguns e os que defendem a vida onde ela estiver.

Nenhum comentário: