quinta-feira, 1 de setembro de 2022

ARAPUCA

 

Deus acabou de passar voando, camuflado nas penas de um passarinho. Eu sabia que Ele voava, mesmo sem contemplação dos mistérios, eu sabia. Semana passada deu-se a mesma percepção. Deus passou calado na brisa fresca, tentando esconder seu calor humano e divino, enquanto eu ria de Sua inocência tão bela. Ele anda, tropeça na linha do tempo, faz que não vai voltar diante da insensatez dos homens, mas não tem jeito, ali vem Ele na carruagem de fogo, vestido de Papai Noel, longe dos Dezembros. O pior crente é aquele que não o vê disfarçado de ateu, mas recebe seus presentes. Parece dono de loja de fantasias. Veste-se e reveste-se de coisas, até não poder mais, até amarrotar a própria luz. Você viu...Ele acabou de se esconder atrás de um pensamento, suspenso na sua cabeça, eu vi, eu conheço um pensamento sem Deus nas lonjuras da espera. Ele não para, não se assossega, não descansa nunca no sétimo dia. Acredite em mim. Faça uma arapuca pra Ele na porta de seu coração. Depois você me conta.


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