quarta-feira, 13 de julho de 2022

O MAR E OS DIAS (2)

 

Olhando demoradamente para o mar e comparando as ondas com a minha vida, notei que tudo é eternidade, tudo é força divina, tudo é profundeza energética. Tal qual as ondas do mar, a vida fala no idioma próprio da incerteza e da instabilidade, sussurra palavras imprevisíveis, grita palavras de ordem e de espanto, de descontrole e de alerta. Não existe medida de tempo entre duas ondas, tem sempre alguma outra pedindo para se manifestar, tem sempre um turbilhão de emoções e pensamentos fluindo sem pedir licença, desmanchando-se sobre a espuma das horas. Na maré baixa, abrem-se caminhos regados para que a vida floresça seu esplendor, pescadores de esperança e de almas interagem com os passantes, redes de amor são lançadas sobre a paisagem humana. Na maré alta, menos espaço de oportunidades, mais espera e convite à análise, mais mar nos olhares fugidios.


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