quarta-feira, 13 de julho de 2022

O MAR E OS DIAS (1)

 

Olhando demoradamente para o mar e comparando as ondas com os dias, notei que um dia não respeita o outro, não se compara com os outros, não pede permissão para chegar. Tal qual as ondas do mar, o dia faz seu barulho e sua espuma própria, o dia pode chegar intenso ou em mansas marolas de rotina e, como chega, ele se vai. Notei também que o dia tem sua quota de tempo para cumprir a função das possibilidades escolhidas ou para preencher o espaço designado à sua insignificante busca por significância. As ondas conversam com o chão de areia e a revolvem com ternura ou impulsividade. Os dias conversam com a vida incessantemente, avisando que o tempo urge, o tempo urge. Olhando demoradamente para os dias, notei que é mais fácil perdê-los do que abraçá-los com a força do mar.


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