sexta-feira, 20 de setembro de 2019

AFLIÇÃO



A gente as vezes tem um jeito aflito de amar, de esperar o que nunca vem, de orar pelo impossível e de olhar bem nos olhos quem não nos quer bem. As vezes este jeito aflito de ser, de distorcer o que deveria ser reto, nos tira o chão e o teto, nos faz de pipa e boneco, querendo talvez se acalmar. Aflito é o amor que não canta, não vai onde tem esperança, de tanto ausentar-se se cansa, pensando que o céu fosse o mar. Aflito é o som da palavra, da flor sem perfume e com asa que fez borboleta la em casa voar contra a fria parede. As vezes esta espera aflita, como quem não sussurra, grita, aonde não mora ninguém, quer pegar carona na brisa, partir quando muito precisa, ficar no espaço do Ser para poder ter alguém. A gente as vezes se esquece do quanto amou sem interesse, do quanto virou-se do avesso para poder respirar, o ar da beleza infinita, a glória da vida bendita,  a luz que procura guarita, no coração a repousar. As vezes a gente tem um jeito, medroso e insatisfeito, que nada mais é do que o efeito, do jeito aflito de amar...

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