quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MEDO DE CASAR


Dentro do processo terapêutico é comum receber clientes masculinos, as vezes em pânico com a aproximação de seu casamento. Trazem consigo muitos medos, dúvidas e estresse. A primeira pergunta que faço é para saber quem tomou a decisão de se casarem e sob quais circunstâncias, pois se houve pressão de alguma parte já é um bom começo para compreender e ajudar o paciente.

Geralmente eles têm mais certeza de serem amados do que de amarem, muito embora eles se sintam distantes e carinhosos apenas em alguns momentos, mesmo sendo dedicados e comprometidos com as decisões em relação à cerimônia e à festa de casamento. Por trás de tamanha dedicação, fervilha um mundo interior de medo das responsabilidades, medo de perder a rotina com amigos, medo de perder a liberdade, medo de ser traído, medo de não ser um bom marido, medo do aspecto financeiro ser muito grandioso, medo de influência negativa da sogra, medo de perder a autonomia, e tantos outros medos.

É importante esclarecer nestes casos se o noivo tem maturidade emocional suficiente, se apresenta dificuldades em conversar com a noiva sobre o próprio passado por esconder segredos e casos anteriores mal resolvidos, se ele se sente confortável e definido na sua sexualidade masculina e se sua idade corresponde à experiência de vida necessária para um compromisso sério de constituir família, sem o perigo de continuar levando uma vida de solteiro depois de casado.

Também vale a pena analisar se neste relacionamento há trocas constantes de papéis, ou seja, se em vez de ser o homem parceiro ele age muitas vezes como um pai protetor e dominador, ou como um filho manhoso e inseguro, ou como um irmão briguento que foge do diálogo nas horas de conflito. Se ele fez e faz muitas promessas, desconfie, pois é muito difícil atendê-las com satisfação. Deve-se também olhar o aspecto mental, se tem crises existenciais ou depressivas com frequência, se mente descaradamente, se altera o humor muitas vezes por dia, se usa palavrões com raiva e se ele ofende a nível pessoal a pessoa que diz amar.

Por fim, é preciso relembrar o que ele dizia sobre casamento no início do namoro, quem são os familiares dele que mais o influenciam negativamente, qual o ambiente em que ele cresceu, se fizeram planos juntos antes de se casarem, se os noivos têm o apoio de todos os familiares mais próximos. Se todas estas observações forem feitas pela noiva, pode-se evitar a surpresa desagradável de ver o noivo cancelar a cerimônia de casamento um dia antes do combinado. E isto acontece até mesmo nas melhores famílias.

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