Custe o que custar, nossos olhos pagam qualquer preço para a
chegada do novo. Quando ele não vem, aceita-se a reforma, a plástica, o botox,
a concorrência, o barato, a alteração, a cópia ligeiramente desvirtuada de seus
propósitos iniciais, mas nada se compara ao prazer de tocar ou contemplar a
chegada do novo.
Desde a criança com sua carinha nova que um dia vai se
tornar familiar e comum, até a recuperação de algo velho que nunca tenha visto
ou tido antes; desde a palavra declarada que não se esperava até a quebra da
estética estabelecida como padrão; desde o lançamento da tecnologia até a
chegada de um novo amigo, um novo amor ou uma nova paisagem; os olhos se
encantam com tudo que nos cause espanto e nos tire da rotina pelo gostinho da
primeira vez.
Como o sentido da vida é a renovação, sentimo-nos realizados
e rejuvenescidos por dentro toda vez que nos deparamos com algo novo lá fora
que possa ser chamado de nosso, chamando esta descoberta de atração, de amor,
de paixão, de inclusão, de encantamento, de milagre, de presente dos deuses, de
sobremesa, de colírio para os olhos, de beleza.
Queremos nos identificar com o novo, pois ele nos lembra mais
o sopro de vida do que as linhas de história do velho e do rosto. Somos
fotografias ambulantes do velho tentando se passar por espelhos do novo. É tão
bom receber a novidade, encontrar o imprevisto, abraçar o espontâneo,
arriscar-se nas variações teóricas e práticas do gosto. É bom demais sentir-se
novo com tudo o que vem ao mundo pela primeira vez e nos dá a sensação de que
nós é que nos remoçamos. O novo é mais do que um ovo.
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