Desde a infância amamos
escolher, exigir, desafiar, ter opinião irredutível nem que seja à força das
birras, manifestar preferência por uma roupa ou atividade, desobedecer e
enfrentar adultos para aprender limites e para mostrar a eles que somos bons
observadores e ótimos imitadores deles. Recebemos por isso o rótulo de monstrinhos
desobedientes.
Na adolescência, a fase
do achismo, passamos a maior parte do tempo criticando os outros e impondo
nossa opinião sobre todas as coisas, inclusive sobre o que não conhecemos,
somente pelo amor e pelo direito de ter opinião própria, desta vez com uma
agravante, com a certeza ilusória de que estamos certos e todo mundo está
errado. Recebemos por isso o rótulo de aborrecentes.
Tanto os jovens quanto
os adultos, amam ter opinião formada sobre tudo, brigando na política e no
futebol, confrontando pessoas no trânsito e no escritório, comparando mulheres
ou carros, buscando auto afirmação nas experiências e escolhas tendenciosas,
declarando guerra em busca de paz, conquistando e descartando imediatamente
tudo o que cai em desuso. Recebemos por isso o rótulo de líderes.
Os idosos, ao perderem a
paciência diante de tantas mudanças e tanto barulho, retomam a onipotência de
suas opiniões pela força dos anos vividos, pelo saudosismo, pela autoridade de
seus cabelos brancos e se isolam diante das diferenças de ritmo e de
interpretação da realidade coletiva. Recebemos por isso o rótulo de teimosos.
O amor ás opiniões são
como a nossa pele, nunca nos abandonam, servem de referencial de vida, são como
suplementos vitamínicos da razão a engordar nossa visão de mundo. Você já notou
que até os mudos discutem entre si? Ninguém escapa deste tipo de amor. Quantos
segundos você precisa para discordar de tudo o que acabei de escrever???
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