Pela velocidade com que nosso mundo avança, sem valores e sem reflexões, pode se esperar ou concluir que estamos em rota de colisão com alguma coisa. O mundo deixou de cantar a vida. Só se ouve um arranhão, o som de um atrito antropológico reverberando o silêncio criativo em seus minutos finais.
A quantidade sobrepujou a qualidade. A ignorância ruidosa abafou a cultura gentil. Levanta-se o que prenuncia a nova desordem mundial. Fala mais alto quem carrega o holofote midiático. É proibido pensar. O inferno cinematográfico experimenta suas projeções na sala da indiferença. A frieza das novas gerações prepara-se para incendiar a casa pelo desejo de contemplar a destruição. Os jardins da sociedade produzem flores de plástico feitas na China. Cada um faz o que quer, o que achar que puder. Ousa quem estiver vivo, sai da frente quem tiver juízo.
Ser pessoa está em baixa. Remover é o verbo intransitivo direto da moda. As coisas perderam o seu lugar e deram lugar à experimentação irrefreável do vale tudo. Em nome do pai que se foi, em nome da mãe que se drogou, o nome do filho é desperdício neural. A vida nacional foi globalizada por baixo. A fúria sublimada volta-se contra o espelho. Tudo é ameaçador pois todos se intitulam onipotentes. O mundo é uma ficção que se perdeu no enredo e aceita finais inesperados.
Estamos em rota de colisão e não sabemos o que nos espera, qual a bandeira do cometa, será foice ou será bóson, virá da esquerda ou da direita, será pó ou dilúvio, virá em glória ou em ebola? O sabido é que violência gera violência, armagedon gera apocalipse, renovação gera alternância e amor gera amor. É tempo de colisão entre o efêmero e o perpétuo, entre o delírio e a paciência, entre o que se quer e o que se é. A vida acabou e se esqueceram de nos avisar. Salve-se quem puder.
(Vamos refletir juntos. Medite sobre este texto e deixe aqui no blog ou no facebook sua reflexão. Obrigado.)
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