Na falta de diversão social
noturna ou na tentativa de fugir da mesmice da própria vida, na dificuldade em
ler um romance, da necessidade de ter assuntos a mais para falar quando não se
tem o que dizer, da vontade secreta de povoar fantasias com morenos sarados ou
com loiras esculturais, no recurso de passar ou matar o tempo, na desculpa de
esperar alguém voltar do trabalho, da alegria pelo riso fácil ou da vontade de
dissimular as lágrimas da vida real, da mania de torcer pelo mocinho e
crucificar os vilões com um tapa na cara, do hábito de procurar soluções para a
vida real espelhando-se na vida artística, na renovação da crença de fácil
ascensão social, na simples admiração dos atores e atrizes preferidos, da
necessidade urgente de escapar da vida indesejada, na escolha por personagens
que tocam o coração da gente, da esperança de se atender os anseios mais
profundos da alma ao se projetar na estória contada, da vontade de adivinhar o
próximo capítulo ou quem foi que matou o personagem misterioso, nada como uma
boa novela de televisão para nos distrair.
Amores impossíveis
vencendo toda forma de resistência, passeios inesquecíveis por lugares sonhados
ou já visitados, corpos sedutores engravidando fantasias, o senso de justiça
feita pela condenação dos impostores, os infortúnios diante da garra de viver,
a moda pedindo para ser seguida, a trilha musical divagando pensamentos, nada
como uma boa novela para nos fazer dormir e acordar procurando por doses
ínfimas de expectativa e empolgação em nossas páginas amarelas do cotidiano.
Enquanto a vida passa em
capítulos, com intervalos evitáveis, sete dias feito água, são as novelas que
amamos que nos fazem tripulantes de uma nave literária que não sabe ainda
responder se a vida imita a arte ou se é a arte que imita a vida.
(tema atendendo a pedido)
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