sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

AMOR ÀS NOVELAS


Na falta de diversão social noturna ou na tentativa de fugir da mesmice da própria vida, na dificuldade em ler um romance, da necessidade de ter assuntos a mais para falar quando não se tem o que dizer, da vontade secreta de povoar fantasias com morenos sarados ou com loiras esculturais, no recurso de passar ou matar o tempo, na desculpa de esperar alguém voltar do trabalho, da alegria pelo riso fácil ou da vontade de dissimular as lágrimas da vida real, da mania de torcer pelo mocinho e crucificar os vilões com um tapa na cara, do hábito de procurar soluções para a vida real espelhando-se na vida artística, na renovação da crença de fácil ascensão social, na simples admiração dos atores e atrizes preferidos, da necessidade urgente de escapar da vida indesejada, na escolha por personagens que tocam o coração da gente, da esperança de se atender os anseios mais profundos da alma ao se projetar na estória contada, da vontade de adivinhar o próximo capítulo ou quem foi que matou o personagem misterioso, nada como uma boa novela de televisão para nos distrair.

Amores impossíveis vencendo toda forma de resistência, passeios inesquecíveis por lugares sonhados ou já visitados, corpos sedutores engravidando fantasias, o senso de justiça feita pela condenação dos impostores, os infortúnios diante da garra de viver, a moda pedindo para ser seguida, a trilha musical divagando pensamentos, nada como uma boa novela para nos fazer dormir e acordar procurando por doses ínfimas de expectativa e empolgação em nossas páginas amarelas do cotidiano.

Enquanto a vida passa em capítulos, com intervalos evitáveis, sete dias feito água, são as novelas que amamos que nos fazem tripulantes de uma nave literária que não sabe ainda responder se a vida imita a arte ou se é a arte que imita a vida.

(tema atendendo a pedido)

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