sexta-feira, 10 de novembro de 2023

ENQUANTO EU VIAJAVA (5)

 

Viajar de avião é sempre uma experiência desafiante. Ser colocado dentro de uma lata de sardinha, comportar-se como soldado diante do Major da tropa, fingir que está prestando atenção nas demonstrações de emergência apesar do medo oculto de que o avião possa cair, tudo isso será transformado mais tarde em narrativas familiares. Quem conta um conto, aumenta um tanto. Quem decola, sempre descola um certo drama. Quem aterriza, sempre se borra de alívio por chegar vivo ao chão. Enquanto eu viajava, eu passeava dentro das artérias e veias da Humanidade. O avião somos todos nós. A vida é esta grande viagem arriscada. O ar é o tempo necessário para encurtar distâncias, mas o chão é nosso berço estável. Voar é predicado da imaginação. Partir e chegar é consequência de nossas escolhas. Medo e nariz, cada um tem o seu. O Piloto não é deste mundo. Os passageiros são aqueles que cruzam nosso caminho. A torre de controle é o princípio da incerteza. A experiência é proporcional a nossas horas de voo... e a empresa aérea, ela só quer acreditar que existe vida após a morte.


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