domingo, 8 de março de 2020

NEM AUTORITÁRIO NEM INFANTIL



O silêncio é o útero do barulho. Sem ele não haveriam as palavras ou o que se fez delas. Quando olhos se entrecruzam no espaço, lá vem o silêncio abrir as pernas para a geração de pensamentos e para o nascimento da comunicação. Ele não exige respeito nem faz manhas para ser visto, não dá significado ao que confrontamos na sala da dúvida, não cospe fogo nem geme. Ele deixa o tempo existir nas malhas dos sentidos. Nem cientistas nem religiosos sabem como ele foi silenciado de vez, muito menos o que ele fazia ou por onde vagava antes disso. Não se tem notícias de quando ele foi visto pela primeira vez. Só sei que o silêncio me persegue inocentemente e nunca desiste de mim. No barulho dos ermos ou na calada das noites.

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