Mais um outono distante de
meu olhar. Um parque situa-se no quintal de minha casa em Toronto, por onde
atravessei dias e décadas, ora divertindo-me com os esquilos, ora escutando as
palavrinhas sábias dos alunos de prezinho que por ali brincam; ora recebendo
músicas inéditas do teto de inspiração do inconsciente coletivo, ora
agradecendo ao nosso Pai pelo exercício de estar vivo e feliz. Aquele chão me
conhece de cor e salteado, em cada estação que o cobre e abençoa durante os
anos, em cada ruído silencioso das pisadas na neve acumulada, em cada suor de
verão que ali me recebia com luz, dizendo: “lá vem o Brasileiro mais Canadense
de Passos”. Este ano meus olhos físicos não terão o prazer inenarrável de
percorrer cada folha multicolorida, de suas árvores poéticas, mas meu olho
interior pede desculpas pela distância acontecida. Saudade é um rio vivo que se
mistura com o sangue de nossas veias.
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