segunda-feira, 17 de outubro de 2022

OUTONOS OUTROS

 

Mais um outono distante de meu olhar. Um parque situa-se no quintal de minha casa em Toronto, por onde atravessei dias e décadas, ora divertindo-me com os esquilos, ora escutando as palavrinhas sábias dos alunos de prezinho que por ali brincam; ora recebendo músicas inéditas do teto de inspiração do inconsciente coletivo, ora agradecendo ao nosso Pai pelo exercício de estar vivo e feliz. Aquele chão me conhece de cor e salteado, em cada estação que o cobre e abençoa durante os anos, em cada ruído silencioso das pisadas na neve acumulada, em cada suor de verão que ali me recebia com luz, dizendo: “lá vem o Brasileiro mais Canadense de Passos”. Este ano meus olhos físicos não terão o prazer inenarrável de percorrer cada folha multicolorida, de suas árvores poéticas, mas meu olho interior pede desculpas pela distância acontecida. Saudade é um rio vivo que se mistura com o sangue de nossas veias.

 

 


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