Quem já viu roupas brancas
balançando nos varais, sabe que teve infância, sabe que a memória percorre sons
de brincadeiras e imaginação, sob os olhares cuidadosos da figura materna. Sabe
que pisar descalço, na relva orvalhada, refresca o sorriso voador e barulhento.
Sabe que os cantos de passarinho ecoam nas paredes do coração despreocupado,
antes que o dia comece a correr. Manhãs no quintal tem cheiro de café a
caminho, sabor de pão fresquinho estalando casquinhas entre os dentes. Manhã no
quintal é aprendizado de partilha das flores, de simplesmente estar no mundo,
de cantar sem letra e de sonhar acordado e abraçado à inocência. Cachorros
latindo por perto, raios tímidos de sol se atrevendo a aproximar da casa
alegre, são memórias guardadas para a sede da saudade de uma infância natural e
longe do presente.
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