Amar é cumprir o destino
de ser semente. O outro, objeto recipiente de nosso amor, é um chão emprestado,
podendo ter data de validade, sabendo que estamos em movimento de transformação
interna. É este chão emprestado que vai nos pressionar até romper nossa casca
para espalhar nossa seiva. Pode até doer, mas vale a pena. Passado este
desafio, somos embebidos pela água dos cuidados do outro. Se não tivermos sorte
no relacionamento e não formos regados na realização pessoal pelo chão
indiferente, podemos contar com a presença de algum jardineiro zeloso que se
aproxime e se encante com nossos processos, ou com o milagre das chuvas. Não
importa de onde venha a água, o importante é prosseguir a jornada de subir,
olhar para o alto por foto centrismo, buscando as reminiscências da luz que
permitem romper a superfície. Neste ciclo libertário, geramos folhas vicejantes,
registrando atos altruístas pela vida. Quanto mais nos apegamos ao chão, mais
raízes construímos, em nome da sobrevivência, enquanto a vida-escola nos ensina
o que conseguimos aprender. Silenciosamente acontece o amor próprio, aquela
forma de amor pronta para transbordar. Se abandonarmos nossa essência, ocorrerá
uma identificação com o “ser a árvore”, quando a vida material nos seduz e
perdemos contato com as alturas. Amar é ser semente.
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