Nada se faz nesta terra sem ser visto. Estamos sendo observados a todo instante por alguém ou por alguma câmera intrometida, por algum investigador ou por olhos fofoqueiros, por uma instituição policial ou financeira através de nossas transações com cartões de crédito.
Somos vistos por estranhos e por conhecidos, em casa e na rua, no plano físico e nos planos espirituais. Somos observados por profissionais e por concorrentes, somos medidos e avaliados, somos convidados ou desconvidados a entrarmos e sairmos de algum lugar. Se não somos pegos em flagrante, deixamos pistas para serem lidas por perícias ou curiosos. Nossos telefonemas antigos podem ser recuperados, nossas transações bancárias podem cair nas mãos de qualquer funcionário desonesto de banco, nossos e-mails podem ser hackeados, nossos dados pessoais podem ser desviados. Este é o preço de vivermos em comunidade endeusando a tecnologia. Estamos todos interconectados uns com os outros de alguma ou de todas as formas. Somos parte da trama e estamos tramados.
Por outro lado, também estamos vendo e lendo, observando e rastreando, ouvindo e interpretando, descobrindo e pesquisando, perguntando e questionando. Estamos filmando ou apagando, gravando ou deletando, mentindo ou escondendo algo. Tudo parece ser um jogo difícil de integridade, onde cada pessoa possui a própria agenda de interesses e joga apenas para ganhar, às custas das perdas dos outros. Até o prazer toma algo de alguém, até a oração toma algo de Deus, até o pensamento toma o tempo do pensador.
Como nada pertence a ninguém, é melhor compreendermos que somos energia pura em movimento, é mais sábio lembrar atentamente que nada levaremos do que for conquistado ou acumulado nesta vida, é melhor aposentarmos o velho ego manipulador e deixar a consciência se encarregar das coisas plenas da vida. Os olhos e as lentes só servem à separação e à distância entre dois corações perdidos.
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