Como posso te libertar
se te prendi? Por isso parto. Por isso parti. Como posso ensinar libertação, se
eu mesmo estiver preso no conhecimento sobre libertação? Por isso desaprendo.
Por isso procuro. Por isso me perco e nunca me acho. Assim o fazendo, sou mais
feliz.
Como posso aprender que
o que tenho hoje me foi apenas emprestado, se continuo prendendo no meu convívio
aqueles que nunca possuí por inteiro, seja por culpa, seja por dependência ou
por demência? Como posso ser filho se não aceito meus pais? Como posso ser
marido se não aceito minha esposa? Como posso ser divino se não aceito Deus e o
seu chamado para viver coisas diferentes em lugares desconhecidos?
Como posso concluir algo
em minha vida se nunca tive medo de recomeçar e sempre usarei deste recurso
para me frustrar e me justificar? Como posso manter aquilo que nunca me
pertenceu, aquilo que flui de mão em mão, aquilo que não precisa do tempo para
enferrujar-se nos meus domínios? Por isso desfaço. Por isso não me deixo
pertencer. Por isso vou.
Hoje sei que nada posso.
Em nada poder, incomodo os poderosos, pois que os desperto de sua ilusão maior.
Em nada poder, incomodo os crentes, pois os recordo de que não podem manipular
Deus constantemente para atender suas vontades egoístas. Em nada poder,
incomodo as teorias e instituições que se baseiam na promissora lei da atração.
Só não incomodo a Deus,
pois ao me colocar no meu lugar sem lugar, Ele vem e me possui inteiro até que
eu desapareça, parta feliz de mim mesmo, até que eu lá do alto vá aceitar os
fluxos, as ondas do tempo, e me dê conta de que a vida... foi apenas uma piada
cósmica.
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