quinta-feira, 1 de março de 2012

ABANDONADOS

Uma coisa é ser abandonado. Outra coisa muito diferente é se sentir abandonado por erro de percepção. O abandono é uma recorrência muito grande, na vida das pessoas, justamente por iniciar-se nos primeiros anos de vida, e deixar um padrão repetitivo de comportamento fortemente enraizado.

O abandono e as sensações de abandono podem ocorrer por diversos motivos e em diversas circunstâncias. O primeiro deles pode ser mesmo a desatenção ou descuido, onde a criança é deixada sob risco de acidentes ou de morte, um bebê é esquecido no carro fechado em dia quente, remédios ou produtos químicos de limpeza perigosos são deixados sob o alcance das crianças, chama acesa ou fósforos perto de combustíveis ou panela com água fervendo perto de crianças em idade de mexer nas coisas.

O segundo motivo pode ser o excesso de responsabilidades com as obrigações do lar ou do serviço, as demandas exigentes e exageradas de um emprego, a urgência de certos comportamentos diante das prioridades da vida. Por trás destas demandas existe a necessidade de sobrevivência, impondo ausências de figura materna ou paterna, sentidas tristemente pelos filhos ou vice-versa. Acrescente-se a isto a falta de sensibilidade de alguns membros da família ou dos parceiros de relacionamento afetivo, a falta de maturidade emocional e a falta de experiência de vida.

O terceiro motivo é a distração por algo muito interessante, a ponto de se  esquecer dos filhos, dos parceiros, de pessoas, em nome de coisas ou objetos de prazer. Cansaço também causa distração. Medos pessoais, preocupação demasiada, ansiedade e depressão são grandes causas de distração consigo mesmos. Dentro da percepção de distração, o tempo desaparece como o concebemos. Tanto o bebê quanto o adulto distraído saíram da linha do tempo e viajaram por um espaço nebuloso de percepção, onde algum acontecimento foi imperativo ou hiperativo.

Graças a estes três motivos, consciente ou inconscientemente nós nos sentimos, pelo menos uma vez por dia, abandonados de alguma forma em alguma circunstância. Sendo real ou imaginário, é importante tomarmos consciência desta realidade para diminuir suas implicações em nossa vida emocional atual.

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