Durante o estado desperto existe a mente como elemento funcional ou recipiente dos pensamentos, mas ela não irá desaparecer. Sua atividade será como bailarina de segunda linha. Como não haverá mais a sensação de self, nem ninguém dentro de nós para se identificar como autor dos pensamentos ou agente das ações posteriores, nada terá caráter pessoal.
Sem levar nada para o plano pessoal, haverá menos conflito, menos resistência ou combate de idéias, menos angústia ou sofrimento. Sem a persona para tomar as dores ou faturar os créditos de êxito, haverá mais colaboração e menos competição, mais complementaridade e menos superioridade. Tudo funcionará mais no esquema de redes do que no sistema hierárquico. A contribuição de cada individuo será mais valorizada e ele mesmo saberá ou sentirá como e quando se mover no território das idéias, quanto mais no campo das ações. Tal qual um cardume de peixes se move no oceano, um grupo de pessoas despertas se moverá com a mesma integração e unidade.
Com menos choques intelectuais e menos fricção de idéias, a pessoa terá mais energia disponível no corpo. Com mais silêncio interior, haverá mais prazer nas atividades corriqueiras. Mesmo que algo nos surpreenda, como uma demissão inesperada do trabalho por exemplo, nossa ação será mais natural, menos traumática, menos reativa, menos conflituosa, exatamente por não ter ninguém dentro de nós para sofrer pela perda.
O corpo, consequentemente, terá mais equilíbrio e mais saúde. Os pensamentos serão como carros passando na rua e você apenas registrando, sem ter que pará-los para entrar dentro dele e mudar de direção ou de atividade. Algo superior à mente entrará delicadamente em cena para permitir o fluir natural dos acontecimentos. A isso se dá o nome de consciência.
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