quinta-feira, 29 de março de 2012

A VIOLÊNCIA BATE À NOSSA PORTA

Há que se adaptar às transformações que ocorrem em nosso mundo sem a nossa vontade ou permissão. Tanto as mudanças impostas quanto mudanças implementadas exigem um tempo interior e um tempo cronológico para que nos adaptemos a elas. O tempo cronológico é ditado pela sucessão de acontecimentos, busca de soluções e recursos, recuperação de objetos perdidos, etc. Já o tempo interior passa pelo processo de negação, culpa, dificuldade em lidar com as perdas, redução da confiança nos outros, sentimentos de abandono e insegurança e aceitação da realidade.

Quando a violência é pequena, ela é tratada como algo comum e justificável. Violência média é vista nos noticiários e facilmente esquecida, devido a tantos casos que se sucedem corriqueiramente. Quando a violência é exagerada, ela rasga o tecido social, dissemina a impunidade, destrói o valor da vida na consciência da população, criando uma vontade secreta de que o mundo se acabe logo ou que Cristo desça logo pela segunda vez na Terra para eliminar tantas maldades. É exatamente isto o que está acontecendo no Brasil de 2012.

A violência atinge de crianças a idosos, de valores a política, de fazendas a grandes cidades, de governos a cidadãos, pobres e ricos. A violência nos iguala e nos alcança quando o rei dinheiro passa a dominar o desejo das pessoas, ocultando sua incapacidade de lidar com as frustrações do mundo moderno. Não se trata de injustiça social nem de educação. 

A violência nos é ensinada no berço do lar, na mídia, nas escolas, nos livros de estórias e de história; é citada na bíblia e nas religiões, em cada interação onde o respeito desapareceu e foi substituído pelo egoísmo ou fome de poder. Ela existe onde falta a consciência e o amor. Ela se faz presente no barulho mental e nos corações feridos. A violência é o passaporte da morte a nos visitar diariamente, esperando pela oportunidade descuidada e ideal de nos atropelar ou arrombar a janela de nossa alma. Pior do que temer o inferno emocional é viver nele e nem perceber.

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