O ciume é um sinal claro de crescimento interrompido. Quando temos carência emocional, como fonte de expectativas internas, a demora em sermos atendidos nos preenche de inseguranças. Passamos então a ter medo de perder uma pessoa próxima, de perder o que sentimos por aquela pessoa e nos faz contentes, de perder o espaço conquistado com ela.
Dificilmente estaríamos nesta situação se não houvesse um comprometimento da auto-estima, da imagem pessoal que se baseia no medo de ser trocado, deixado de lado, desvalorizado por alguém que supervalorizamos. Nasce aqui a distorção-mãe de todas as outras distorções. Surge primeiro a desvalorização pessoal, passando pela imagem do corpo físico, depois pela inteligência e sequência de erros que cometemos, depois pela posse sexual já que o ciúme forte e doentio tem sempre este cunho do objeto de desejo, e por fim, a retroalimentação dos comentários maldosos que ouvimos de outras pessoas com estórias reais e assustadoras de traição e abandono.
Como já trazemos dentro de nós a certeza e a experiência da entrega total, daquilo que somos e temos, para a pessoa por quem nutrimos ciúmes, esta entrega vira cobrança de exclusividade, vira cegueira e incompreensão, vira cerceamento da liberdade individual que é inerente nos seres humanos e precisa ser respeitada dentro dos limites combinados.
Se tenho ciumes de alguém é porque não sinto reciprocidade em termos de entrega total e confiança. Se tenho ciúmes é porque tomei a decisão interior de permanecer no centro das atenções daquela pessoa que amo. Se sou ciumento é porque os outros viraram desculpas para que eu focasse demasiadamente em mim mesmo. A esta altura, nossas diferenças deveriam se tornar matéria prima para o meu crescimento, já que não tive a consciência disso pelo amor.
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