Várias pessoas me perguntam se existe um período crítico para a ocorrência do divórcio ou da separação, em um relacionamento duradouro, considerando minha experiência em aconselhamento de casais há muitos anos. A resposta é sempre sim, mas existe mais de um período ou fase que traz riscos para o namoro, noivado ou casamento.
Ao completar quatro anos existe uma crise anunciada, a crise do pé-no-chão; um momento onde devemos encarar a verdade do parceiro e o impacto da rotina em nossa vida. Quatro anos são suficientes para que nosso cônjuge mostre os dentes ou ponha as manguinhas de fora, suficientes para descerem do pedestal de perfeição em que o colocamos. É tempo de checar as promessas feitas e não cumpridas; tempo de observarmos os padrões de comportamento que se repetem com frequência; tempo de olharmos para as nossas frustrações que surgiram da não realização de nossas expectativas. Há que se cuidar para não haver ataques pessoais, ofensas ao caráter e à personalidade do outro, pois tal atitude leva-nos à possibilidade de separação. Há que se comunicar com mais clareza para poder reformular o rumo de nosso relacionamento.
Ao completar sete anos de relacionamento amoroso surge um novo período de risco. A natureza toda se renova em ciclos. O corpo humano renova todas as suas células em ciclos de sete anos. Sete é o número de encerramento de ciclo vital. Naturalmente, mudanças são provocadas ou desencadeadas nos níveis físico, mental, emocional e espiritual. Deixar coisas velhas para trás devido à acomodação na zona de conforto nos custa caro. Abrir nossa vida para novos desafios muitas vezes nos assusta. Permitir que nossos companheiros façam novas descobertas ou explorem novos potenciais pode vir a ser uma ameaça à nossa insegurança. Nada como uma segunda lua-de-mel neste período para fortalecer os laços de união do casal.
A idade de 44 anos também oferece instabilidade emocional e afeta uma união amorosa. É o início da menopausa para as mulheres e andropausa para os homens. A mulher passa por um furacão emocional provocado pelas modificações hormonais, perdendo muito interesse pela atividade sexual, necessitando de tempo e energia para se restabelecer. Muitos maridos não entendem isso. O homem começa a sentir uma pequena disfunção erétil, assustando-se com a possibilidade de impotência, e lança-se na busca de aventuras sexuais com pessoas mais novas que sua esposa, comprometendo ou destruindo um casamento normal que durou décadas, justificando tal comportamento por não mais receber atenção de sua esposa. Há que se encontrar um equilíbrio do desejo nesta fase, explorando mais a intimidade do casal com afeto, ternura, colaboração, simpatia, toques que não levem obrigatoriamente ao ato sexual, abraços e beijos.
Embora existam estes três períodos previsíveis, não se pode baixar a guarda em nenhum momento, mas sem neurose, sem controle excessivo nem desconfiança eterna, pois nada disso é saudável. Um pé atrás sempre ajuda nestas fases; uma “batida policial” por ano também. O ideal é tornar-se a melhor companhia de seu companheiro para todos os eventos sociais. Feche bem as portas do fundo, ou seja, as portas do descuido. Cuide bem daquilo que é seu.
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