Ninguém nos obrigou a ter uma família perfeita diante da sociedade, principalmente se levarmos em conta que ninguém escolheu pais, parentes e irmãos. Mesmo assim, existe aquela cobrança de que nossa família deve ser um exemplo para todos. Afinal, muita gente anda metendo o nariz onde não é chamada e continua se intrometendo na vida dos outros, bisbilhotando fatos, criando fofocas e calúnias, entregando o ouro ao bandido, competindo deslealmente com a imagem pública de outrem. Enfim, tem muita gente cuidando de sua vida sem ser convidada.
Graças a esta postura, indesejada por ser invasiva, vai sempre haver algum membro de sua família na boca da crítica popular, tornando-se a vergonha da família, como se lá fora ninguém errasse, como se os erros não fizessem parte da vida, como se quem fala também não errasse ou não percebesse a grandeza dos próprios erros. Hipocrisia é um nome pomposo para esta atitude.
Mas existem pequenas falhas, em nossa infância, que podem gerar conseqüências emocionais para o resto de nossa vida. Pode ser um esquecimento do texto na hora de representar o teatrinho da escola. Pode ser a derrubada de comida na roupa diante de convidados importantes. Pode ser um fato muito simples, corrigido com palavras grosseiras, com olhares humilhantes, com críticas injustas. Como a vergonha é o sentimento mais inferior que podemos experimentar, um simples erro pode ter conseqüências danosas na vida de adulto. Quase inconscientemente.
Imagine o mesmo fato ocorrendo na infância de quem o recriminou, e suas cicatrizes através dos tempos repetindo varias vezes na vida. Imagine esta mesma dinâmica passando de pai para filho, nas últimas sete gerações até chegar a você. Veja como um comportamento banal, quando inconsciente e sem compaixão nenhuma, pode se tornar letal. Observe quantas situações semelhantes ocorrem hoje em seu dia a dia. É tempo de nos observarmos mais, para crescer em consciência e compaixão diante dos erros dos outros.
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