sábado, 18 de fevereiro de 2012

PAI ALCOÓLATRA

Não deve ser fácil ter um pai ou uma mãe alcoólatra em casa, principalmente durante a adolescência. Acreditamos precisar muito de nossos pais, ao mesmo tempo em que cultivamos a liberdade de sair do domínio deles. Como a adolescência é um período para descobrir as emoções, sentimos muita raiva daqueles a quem mais deveríamos amar.

Para tornar as coisas piores, experimentamos raiva contra nós mesmos e ainda somos proibidos de expressá-la, pois ela é nomeada como algo muito violento e errado. Quanto mais a reprimimos, mais estórias criamos em cima das estórias já criadas, para tentar aprender a conviver com tamanha energia psíquica. No fundo, sabemos que apenas palavrões nos ajudam a expressar raiva, mas até que possamos usá-los apenas na forma, ofendemos muita gente e nossos pais com palavras ferinas e humilhantes, quando tudo o que queríamos era receber o amor deles.

Acreditamos que pessoas alcoólatras são incapazes de sentir, responder e doar amor aos filhos. É que esquecemo-nos de que tais pais assim o agem pois não aprenderam a expressar suas emoções. Eles não sabem estar presentes, pois desconectaram-se de suas necessidades afetivas diante de tantas mágoas e feridas emocionais. Reprimiram seus medos e se ausentaram da família, entregando-se à bebida como anestesia. Sem contar o que falam sob o efeito do álcool.

O início da cura deste relacionamento passa pelo fato de percebermos quem são nossos pais, além ou fora de nossas estórias sobre eles. Nossas estórias não têm nada a nos oferecer. É preciso ter a sensibilidade de saber que tanto eles quanto nós estamos reprimindo emoções, em vez de abrirmos espaço para a dor e a confusão mental de cada um. Se pararmos de nos agredir com raiva, seremos capazes também de parar de lançar raiva sobre eles. Se estivermos presentes para eles, como nunca antes, eles estarão automáticamente presentes para nós. Aí o milagre começa a acontecer.

Nenhum comentário: